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Mostrando postagens de outubro, 2010

Moto b o y

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Senta a prosa Num dia chuvoso, os corredô embaçado, a gente vai que vai. No parabrisa do capacete vai escorrendo a lágrima de Deus. Ninguém fica pensando nisso. Enquanto os retrovisores ficam pra trás um mundo de músicas e conversas escapam no vento. Senta a puia! Tudo sobre o que quiser conversar vai surgindo. Aquela ideia de trampo, a gatinha aqui e acolá, os problemas em casa trazem o amadurecimento. Tanto das ideias, quanto dos próprios personagens que a gente carrega. A baixinha doente, a outra distante. Dá um aperto lembrar daqueles rostinhos lindos e sabê-los crescendo. Encontrando as mesmas dificuldades que eu naquela curva no corredor. Amadurecendo. Amadurecer também é fuga. Enquanto a gente amadurece as ideias, nos permitimos ir além, viajar mesmo, soltar a mente do corpo e levar só o coração. Assim são os melhores vinhos, os melhores livros, uma comida bem preparada e os dias de sol. O coração e a cabeça se ocupam de suas tarefas invertendo as funções no trajeto. Ora a cab

Motoqueiro presidente do mundo

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Nas curvas deito minha motocicleta segurando o acelerador sem pensar na minha vida. Ali ela é plena porque guarda cada passo que eu dei, cada vento que meu rosto sentiu. Nos meus sonhos vejo sempre a mesma cena. Milhares de pessoas num choro coletivo. Toda minoria cabe em mim e me visto de outra pessoa para sobreviver. Quando vislumbrei pela primeira vez o cogumelo atômico ele simbolizava apenas o fim do mundo. Digo apenas, pois o mundo acaba todos os dias na vida de muitas pessoas. O medo consome tanto quanto o capitalismo tenta suprimi-lo. Medo da doença. Da violência. Da morte. Tento continuar sem meus sonhos. As pequenas realizações não põem a mesa farta que aparece na televisão. Minhas filhas verão. Tudo se resume a educação. É cultural ser feliz mesmo na opressão. Foram tantas investidas pro sucesso, tantas revoltas resignadas pelo desgosto e a obrigação de ser um sobrevivente. Quanto mais próximo fico de um sonho, mais turvo ele se torna, mais cinza, com um gosto esquisito de fe