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Mostrando postagens de maio, 2009

31 de maio, diário de um detento

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O site revistalupa.com.br está no ar. Simples assim, parece que ele nasceu pronto, mas seu caminho tortuoso e persistente fez parte da prisão em que fui colocado. Mais especificamente eu poderia chamar de solitária. Nele eu me tranquei alguns dias, isolado, inclusive, do meu grupo de trabalho. E quanto maior o sofrimento, maior a satisfação no dia da libertação. Foi ontem. Sai da solitária ao colocar o site na rede. Todas as páginas feitas por mim levam minha assinatura de imperfeição. Mesmo assim, saído do nada até o que entreguei, foi um avanço, uma superação surpreendente. A impressão de que poderia ter sido melhor ficará para sempre na minha cabeça, e também o desejo de continuar o projeto quando me libertar de todas as amarras. Nesses três meses de solitária, aconteceu duas vezes o retrocesso de que tanto fugi. Comecei dividindo a página em Frames, para quem não sabe, fiz na mesma página várias mini-páginas. O site ficou torto e depois de um mês e 80% do trabalho concluído refiz t

Sampa crua

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As ruas cinzas de Sampa se contorcem atrás da violência e caos no trânsito. Entre becos e bares, tribos soltas e herméticas se confundem com o astral da cidade. Um signo de sorte e competência. Um vai e vem de pessoas isoladas na coletividade. Sexta-feira à noite a Augusta se transforma. Todos os tipos e cores se misturam buscando se destacar. Drogas, álcool e o inusitado e presente cheiro de maconha no ar. Ela começa sem hora para terminar, nem o alvorecer pode salvar. Busco olhar o olhar das pessoas. Dentro deles vejo o cansaço, a euforia, a tristeza dos dias frios. A certeza de querer ficar, mesmo que o sofrimento seja de amargar. O trabalho, o namoro, a balada, o cinema, qualquer motivo serve. Tudo é fuga na metrópole desgastada pela ganância. As estradas para o litoral, os parques sujos e lotados, Os shoppings. São redomas blindadas e cheias de preconceito. Quem quer o mais novo lançamento? Quem pode comprar? A moda é uma fuga, o perfume é outra, todas elas confluem na aceitação d

Diário de um detento

Estou tentando escrever há muito tempo, mas não consigo. Meu diário, este, de um detento, era para ter o registro do dia a dia de um universitário em último ano da faculdade, em que somos muito exigidos, mas o fato de não ter feito já mostra o quanto estou preso. Todo dia saio da faculdade cheio de ideias, mas quando chego em casa o cansaço me afoga. Tenho que escrever pra facu, pro inglês, pro trabalho, mas pra mim mesmo que é o que faço aqui, nada. Fiquei trancafiado dentro de livros gigantes imaginários e reais ao mesmo tempo para decifrar as incógnitas da academia. Antes do ano começar, eu queria me rebelar, cobrar da facu trabalhos mais expressivos, que a gente pudesse sair e mostrar pra todo mundo. Depois que o ano começou descobri o absurdo que queria exigir de mim mesmo. Hoje é o primeiro final de semana que tenho mais liberdade pra fazer as coisas, de qualquer forma tenho muitas coisas pra fazer. O Diário de um detento morreu antes mesmo de nascer, mas não poderia deixar de re

Beco iluminado

Ah vida! Porque sofro em silêncio? Ah morte, que tens a meu favor? Sangro dias cansados, Calo em dias de oratória A perda de um sentido em mim, O sopro de uma ideia sem fim, O massacre de todas as memórias, O passo manco de uma história. Não tem poesia no cotidiano, Não tem paciência na correria, Não tem graça ser um ser, Não dá pra ganhar sem saber perder. Mas que força tenho de ter? Quando insisto em ser um não ser, Onde me escondo que não consigo ver? O beco que inventei é morada da deprê. Mas sou luz, mesmo na sombra, Fiz das tripas coração pra ser um ser, Voar é muito pouco para um sonhador, Realizar é meu paradeiro pra continuar.