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Mostrando postagens de 2009

Antes do fim de tudo (Facu)

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Essa é a última parte de uma vida em quatro anos. A faculdade chegou ao fim e a sensação de missão cumprida está acompanhada de alívio e curiosidade sobre o futuro. Me sinto como o Brasil dos anos 80, o país do futuro, mas sem nenhum indicativo do que virá nesse futuro. A longa caminhada guardou momentos inesquecíveis, trabalhos, provas, festas e principalmente as amizades. A faculdade de jornalismo tem outras realidades. Aliás, duras realidades. A carreira não é a das mais bem pagas, no meio do curso, a extinção da lei de imprensa dispensou o diploma para exercer a profissão. E, mesmo com o boom de canais, com o advento digital, o mercado parece saturado de cidadãos aptos a exercer a profissão. O romantismo que sondava os jornalistas deu lugar à corrupção capitalista e pipocam assessorias de imprensa qualificadas a “vender” notícia. Não que isto seja menos nobre, mas as mudanças são profundas. Alguém como eu que não tem medo de mostrar que sonha, e até idealiza, almeja muito mais que

Então o ano se vai...

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...e é engraçado como no fim do ano parece que uma faca intercontinental vai cortar o mundo no meio e fazer outro. De repente Tóquio estará ao lado de São Paulo, como na propaganda do metrô. Acordaremos falando “Arigatô”, surfando na praia colada ali na escola. Vai agora até a janela e observe como os prédios parecem estar pulsando, aguardando o explodir dos fogos para saírem dançando. Por onde se olha se tem a sensação de poder fazer tudo o que se sonha. Um novo emprego, um novo carro - "vou parar de fumar!" – Mas a vida tem lá seus segredos. Talvez Papai Noel faz como eu, paga a prestações. Chegou a Rafa, me formei Jornalista, tirei férias. E ano que vem não será menos especial se todos meus desejos não se tornarem realidade. Desejos são sonhos disfarçados, descobertos por acaso, imputados pelo destino. O importante é se sentir bem olhando ao redor e vendo pessoas que você ama. A vida, efêmera, guarda em pequenos gestos a essência da felicidade, e minha família sabe bem dis

Na casa do Tosi

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Acabei de rever as fotos da festa, e reviver através delas a noite surpreendente desta quinta-feira, me fez pensar que muita coisa estava encaixada naquele lugar. Os grupos famosos, herméticos e participantes, agora estavam espalhados na cena recheada de bolos, salgados, pizzas e refri à vontade. Afinal, estávamos na casa do padrinho. Antes de chegar na bagunça, os Tccs salpicavam de um lado pro outro, correndo pra lá e pra cá. Os amigos comendo e discutindo a marra do seu orientador. Não tem jeito, eles sempre têm culpa. Daí eu puxei minha máquina e antes que chegasse na foto 69, que foi a última, muita gente fez a mesma coisa e o mosaico de imagens deve fazer qualquer um pirar. Mas foi quando a Irene sacou os apitos e a galera começou se armar que a festa começou mesmo. Os ânimos se esfriaram por um momento, esquecendo os trabalhos, depois veio a euforia total.Todos os andares abaixo do nosso conheceram nossa classe. Foi classe A. Sempre pensei que acharia ruim fazer isso, mas me d

XURRAS NA LAJE – ANO DA FORMATURA

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Ufa, e que xurras! Depois de quatro anos olhando pra'quele bar e lembrando quando a sala 701 descia em peso para cantar ao som do violão do Felipe, voltamos ao topo e confraternizamos à nossa formatura. Teve time de truco, torcidas de time, turma do fundão, reboladeras de plantão e sobrou sorriso e foto bonita. Cheguei às 18h e acendi a churrasqueira. Quando os primeiros chegaram, já tinha frango e lingüiça, mas o caminho da felicidade mesmo estava na geladeira. Foi sem miséria. Skol gelada a noite inteira em uma noite que fez calor como se fosse dia. Deitamos uma garrafa de Smirnof pra completar. É difícil querer citar alguns nomes aqui, até porque tava todo mundo bem e participou brilhantemente da festa, mas preciso destacar algumas coisas. A faixa da dupla Liliane e Camila foi uma puta ideia, sem dúvida. As meninas também quebraram na pista ao som do Black e samba, graças à benevolência da Tamires que trouxe o som, que apesar de pequeno foi muito importante. Quem quebrou bonito

Sutiã de pano

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Deus, quando fez a mulher, adornou suas linhas com belos seios, mas eis que a sociedade pós-moderna resolveu que eles deveriam ser grandes e duros. Será? A estética partiu para a violência das cirurgias plásticas que obedeceram a “tendência” da moda. Seios redondos, bem servidos, duros e bicudos pipocaram com as mais abastadas que puderam fazer a cirurgia, mas a violência não parou ai. As mulheres de peito pequeno e sem grana estavam excluídas do pacote estético da Boa Forma e então surgiram os sutiãs com bojo, enchimento, E.V.A (?), e acabaram de vez com a sensualidade. É raro hoje ver uma mulher que fuja desta atrocidade, mas quando elas aparecem são um verdadeiro colírio para os olhos de quem ama o corpo feminino. Como é gostoso perceber a liberdade das mulheres de peito (metaforicamente) ao desfilar ao vento suas curvas que obedecem a lei da gravidade de forma sutil e desenvolta. É lindo perceber que por baixo do sutiã de pano, os bicos podem desflorar com o frio e o vento, que as

Eu não me conformo!

Eu não quero saber das mudanças que vivi, não quero pensar mais no frio, nem no meu emprego, quero ter uma conversa com Deus, quero pegar a mochila e colocar dentro minha família para viajarmos o mundo, quero surfar num mar quente e com altas ondas, quero comer um peixe assado na brasa e deixar a pinga me entorpecer sem pensar na ressaca. A cidade é suja, é molhada e ingrata. Minha casa também é fria, mas minha família não. Meu computador é novo, meu tênis também, mas meu carro é velho e minha prancha também. Escapo todos os dias da morte dos meus ideais, sinto medo por mim, medo de desistir de tudo antes que algo realmente bom aconteça. Tenho tantas conquistas, mas nenhuma delas fez o mundo girar, nenhuma delas alcançou a dimensão das minhas ambições. O mundo continua a caminhar a passos largos para sua total destruição, que inclusive tem data na web para acabar. 21 dez 12. Será? Pensando nisso, descubro que tenho pouco tempo. Pouco tempo para me tornar imortal, não pela academia, mas

Muito frio congela o cérebro

Dos dias frios desse ano eu já perdi as contas. Fiquei esperando ansiosamente por uma virada na primavera e ela não veio. O dia começa com a ventania típica de inverno e a garoa fina paulistana não dá trégua. Fico até sem jeito pra escrever sobre esse tempo de tempos incertos no clima. Que saudades do verão! Lembro daquelas chuvas que espalham o cheiro do asfalto e são bem-vindas no calor. Lembro do sorvete de máquina que a gente compra na praia. Das meninas com pouca roupa e sandália. Lembro do surf em ondas pequenas e quentes, dos passeios pelo bairro sem destino para espantar o calor sufocante. O verão deixa lembranças coloridas na mente, o inverno deixa um inevitável gosto de tristeza no ar. Eu me congelo também. Fico pensando entre um cigarro e outro o que poderia escrever para espantar o frio. Penso na tristeza de estar preso em casa. Nas blusas que me prendem no corpo, na minha vida inteira em preto e branco. Assim é a fotografia do inverno. Cinza, ela perturba não pela falta de

Tempo retrógado

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O tempo corre pela vida da mesma maneira que a vida corre do tempo. Explico. Quando somos jovens e o tempo parece voar, você está a favor dele, ou seja, você vive enquanto o tempo passa, principalmente as crianças. Quando fica adulto o tempo é justo, ou melhor, apertado. O trabalho começa te roubar o tempo. Daí o tempo para quando você casa. Na verdade ele está cansado de você. Quer te humilhar, te apertar tanto que não vai ser fácil cumprir com tudo. Vêm as crianças. Filhos são uma dádiva divina, são tudo de bom na vida mas são cruéis quando o assunto é tempo. Eles consomem seu tempo como se fosse uma ampulheta furada. Presencialmente, indiretamente, tacitamente, os pimpolhos vão arruinando seus projetos, momentos “coça-saco”, de “papo-pro-ar”, vão se tornando raros, até acabarem de vez. A fase adulta tem mutações, por exemplo, não estou na fase adulta há pouco tempo, mas também não estou entrando na fase idosa, entende? Tenho apenas 33, mas sei que até lá falta pouco. Hoje o meu tem

Bate-volta, fica

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Neste feriado de 7 de setembro marcamos um bate-volta para a praia grande com uma rápida passada em Peruíbe para ver nosso terreno, e claro, um surf para quebrar o gelo. Fomos no dia 6 e de tudo aconteceu. A descida foi tensa com muita chuva dentro e fora do carro. Na primeira queda para o surf fiz três salvamentos nos perigosos bancos de areia, e terminamos com um mágico final de tarde. Descemos em dois carros e todos muito animados, mas foi só até chegar à Imigrantes. A chuva apertou, a visibilidade foi pro saco e para piorar, minha prancha estava presa no teto com fitas que mandavam a água pra dentro. Aos poucos eu e a Déia ficamos ensopados. Entre desistir e seguir viagem, fomos em frente. Chegando no apertamento todos sentaram no sofá e ficaram assistindo pica-pau, e eu rapidamente peguei minha prancha e fui pro mar antes que alguém falasse em ir embora. Ai começou o segundo perrengue. Escolhi entrar perto de uma família porque a visibilidade no mar tava muito prejudicada. Antes

O último passo de uma vida em quatro anos

O último semestre do curso guarda ansiedade, felicidade, um pouco de angustia, um pouco de saco cheio também. Quatro anos de investimento que me revelam o quão é impreciso seu retorno. Penso na minha formação não como obrigação, e sim como crescimento de forma generalizada. Quero puxar o ar bem fundo nos pulmões pra seguir esse último passo como se fosse o primeiro. Tantos sonhos e pretensões vão ficando pelo caminho que prefiro não pensar. O dinheiro é algo que não vou falar, pois nunca o tive, continuo não tendo e dei boa parte do que ganhei pra facu. É assim mesmo. Os amigos, estes sim merecem um capítulo especial. Já meio véio pros colegas que encontrei fui surpreendido por amizades verdadeiras. A Rochelle e seu jeito implacável de lidar com as coisas. Rogério e seu apetite interminável pela perfeição. Janis e sua quase calada e brilhante jornada; e o Renan, com o seu zen jornalismo, um profundo pacifista da guerra que cria. Amigos que tenho a honra de carregar pra onde quer que eu

A sombra da eternidade

Eu tive um sonho, e como muitas vezes acontece, foi uma revelação. Eu quero ser cineasta. Mas precisaria inventar um tipo de chip que filmasse um desses sonhos que me perturbam. Neles eu corro pelado sem ser notado, voo sem capa, sou baleado e não morro. Atiro e mato. Um super-herói de mim mesmo. Um vulto psicótico que abala as estruturas de uma noite tranqüila Fico escondido nos filmes e músicas que escuto e vejo sem pensar. Na verdade eu penso muito. Penso tanto que meu cérebro tende a enlouquecer. Fico imaginando coisas que posso fazer e outras que não quero e descubro que são as mesmas. Tenho relações sexuais com musas que se beijam depois de vinhos caros em lugares europeus. Lugares europeus ficam na Europa, apesar da obviedade, às vezes invento um subúrbio parisiense na periferia paulistana. Um lugar glamouroso cheio de luzes que pipocam a embriagues. As traições, o sofrimento e a desilusão, quase sempre sem final feliz, perturbam mais, embora deixem sempre a sensação que o final

Tormentos musicais - Michael ao pé da cama

Michael Jackson apareceu na minha casa tentando puxar meu pé enquanto dormia. Aquele preto filho-da... Quer dizer, aquele branquelo amarelo impregnou tanto na imprensa, no escritório, no futebol que foi aparecer justamente no meu sonho querendo me levar pro caixão dourado, vá-lha-me Deus! Na verdade não sei bem se estava sonhando totalmente, porque foi assim: Eu abri os olhos e percebi um vulto cabeludo entrando no meu quarto. Fiquei meio assustado, lógico, me cobri um pouco, mas resolvi olhar de novo. Lá estava ele, no pé da minha cama me olhando. Demorou um pouco pra eu ver seu vulto de novo, mas de repente no meio da escuridão surgiram aqueles olhos amarelos e aquela risada louca ecoou pelo quarto “hahahahaha”. Dei um pulo e o safado escapou pela porta. Acendi a luz decidido a me acalmar até ouvir uma batida meio funk, meio rock vinda do lado de fora. Puxei um porrete amigo meu que dorme embaixo da cama e segui o barulho. De repente estava na rua correndo feito louco no meio da aven

Ligeiramente grávido

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O que mais pode transformar o corpo e a mente de um homem do que a gravidez? Eu pensava que isso só acontecia às mulheres, mas na segunda gravidez da minha vida, tenho mais provas e certezas dessas transformações como jamais imaginei. Quem é ela? É a Rafaela! Deus não faz as coisas à toa. Queira você acredite Nele ou não, quando coisas assim acontecem você tem provas da força de Seu amor. Primeiro fiquei meio sensível demais, chorava de emoção de lembrar o amor que Alicia, minha primogênita, é dentro de mim. Depois perdia o sono pensando no menino que eu pensava existir dentro da Déia, ficava cabreiro quando sentia lá no fundo que meu mundo é com elas. Seria mais uma prechequinha na minha vida... Enquanto a gente cutia esses momentos, minha fome aumentava, e muito. Mantecal, brigadeirão, pimentão à gaúcha, doces e salgados povoaram meu imaginário dia e noite. Botei minha mãe e minha mulher na cozinha de vez. Fiz plantão ao lado do fogão e os quilinhos a mais chegaram primeiro pra mim

Jóia Rara - parte 1

No apartamento sujo e escuro da rua Tibiriça não havia conforto nenhum, mas ele estava ali só de passagem. Seu carro, um luxuoso Chrysler, ficou na outra residência. Andava a pé pela vizinhança. Todo dia de manhã enquanto tomava seu café, espiava a vizinha do prédio da frente em seu delicioso ritual para acordar. A bela morena dormia com pouca roupa. Levantava sempre às 7h, se descobria com os pés e esticava o corpo antes de sentar-se à beira da cama, às vezes com um leve sorriso, às vezes apenas com sono. Enquanto prendia o cabelo desgrenhado olhava pelas frestas da janela e depois abria todas as cortinas. Na mesma posição para não chamar atenção, ele apenas observava, a cada novo dia com maior interesse. Outro dia ele viu um gato com ela. Durante seu desjejum, numa manhã de domingo, ele a viu levantar, e quando ela sentou na cama o gato pulou no seu colo. Seus longos cabelos o cobriram, suas caricias hipnotizavam e seu sorriso tinha um misto de malícia e ingenuidade próprio das crian

Jóia Rara - parte 2

No dia seguinte, o frio aumentou. Ele pegou suas armas e as pôs em cima do mapa. Limpou e trocou a munição nas duas pistolas. Parou apenas para ver a morena acordar. Sorriu sabendo que sentiria saudades daquela visão. Estava com uma motocicleta em frente ao prédio. Às 9h desceu com as duas armas na cinta, um gorro que lhe cobria todo o rosto e o capacete. Ligou a moto, partiu e virou duas quadras a frente. Arremessou a moto numa loja de jóias, a mesma que visitara um dia antes a anunciou o assalto com as duas pistolas na mão. Os funcionários imediatamente se postaram com as mãos ao alto. Ele tirou o capacete e mandou duas funcionárias esvaziarem determinado balcão que guardava os diamantes. Ouro e pedras preciosas encheram um saco. Uma porta nos fundos se abriu e ela apareceu segurando uma arma, os dois atiraram, mas um tiro não acertou seu alvo. Todos se abaixaram e um alarme soou. Segurando firme a arma ela puxou seu walk-talkie e falou. Chegou perto, e ele apenas a olhava com as dua

Alimentos e desperdícios da consciência

Há mais lendas nos meus pensamentos do que realidades que criei ao longo dos anos. Explico, fiz minha carreira baseada na minha cultura familiar, mas tenho revoluções pipocando no meu cérebro que desenvolveram um conflito que em médio prazo não tem solução. Para isso, tenho que trabalhar outros projetos que não quero, enquanto aqueles que realmente podem vingar, terão de esperar, mas quero esperar? Não, mas sou obrigado agora. O fato de não estar sozinho especulando sobre meu futuro profissional é o mais pesado nesse contexto. Quando saio dos meus pensamentos pútridos tenho a ligeira impressão de estar me traindo. Rezo para que meus pensamentos não sejam maldosos, mas uma crise de consciência busca uma solução para este paradoxo. Escapar das armadilhas do tempo é uma incógnita para mim, porque vejo ele se esgotar sem realizar. Toda complexidade dessa encruzilhada de desejos e obrigações nasceram comigo e vão morrer comigo. Os meus pecados são variados, mas não seria um também o fato de

31 de maio, diário de um detento

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O site revistalupa.com.br está no ar. Simples assim, parece que ele nasceu pronto, mas seu caminho tortuoso e persistente fez parte da prisão em que fui colocado. Mais especificamente eu poderia chamar de solitária. Nele eu me tranquei alguns dias, isolado, inclusive, do meu grupo de trabalho. E quanto maior o sofrimento, maior a satisfação no dia da libertação. Foi ontem. Sai da solitária ao colocar o site na rede. Todas as páginas feitas por mim levam minha assinatura de imperfeição. Mesmo assim, saído do nada até o que entreguei, foi um avanço, uma superação surpreendente. A impressão de que poderia ter sido melhor ficará para sempre na minha cabeça, e também o desejo de continuar o projeto quando me libertar de todas as amarras. Nesses três meses de solitária, aconteceu duas vezes o retrocesso de que tanto fugi. Comecei dividindo a página em Frames, para quem não sabe, fiz na mesma página várias mini-páginas. O site ficou torto e depois de um mês e 80% do trabalho concluído refiz t

Sampa crua

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As ruas cinzas de Sampa se contorcem atrás da violência e caos no trânsito. Entre becos e bares, tribos soltas e herméticas se confundem com o astral da cidade. Um signo de sorte e competência. Um vai e vem de pessoas isoladas na coletividade. Sexta-feira à noite a Augusta se transforma. Todos os tipos e cores se misturam buscando se destacar. Drogas, álcool e o inusitado e presente cheiro de maconha no ar. Ela começa sem hora para terminar, nem o alvorecer pode salvar. Busco olhar o olhar das pessoas. Dentro deles vejo o cansaço, a euforia, a tristeza dos dias frios. A certeza de querer ficar, mesmo que o sofrimento seja de amargar. O trabalho, o namoro, a balada, o cinema, qualquer motivo serve. Tudo é fuga na metrópole desgastada pela ganância. As estradas para o litoral, os parques sujos e lotados, Os shoppings. São redomas blindadas e cheias de preconceito. Quem quer o mais novo lançamento? Quem pode comprar? A moda é uma fuga, o perfume é outra, todas elas confluem na aceitação d

Diário de um detento

Estou tentando escrever há muito tempo, mas não consigo. Meu diário, este, de um detento, era para ter o registro do dia a dia de um universitário em último ano da faculdade, em que somos muito exigidos, mas o fato de não ter feito já mostra o quanto estou preso. Todo dia saio da faculdade cheio de ideias, mas quando chego em casa o cansaço me afoga. Tenho que escrever pra facu, pro inglês, pro trabalho, mas pra mim mesmo que é o que faço aqui, nada. Fiquei trancafiado dentro de livros gigantes imaginários e reais ao mesmo tempo para decifrar as incógnitas da academia. Antes do ano começar, eu queria me rebelar, cobrar da facu trabalhos mais expressivos, que a gente pudesse sair e mostrar pra todo mundo. Depois que o ano começou descobri o absurdo que queria exigir de mim mesmo. Hoje é o primeiro final de semana que tenho mais liberdade pra fazer as coisas, de qualquer forma tenho muitas coisas pra fazer. O Diário de um detento morreu antes mesmo de nascer, mas não poderia deixar de re

Beco iluminado

Ah vida! Porque sofro em silêncio? Ah morte, que tens a meu favor? Sangro dias cansados, Calo em dias de oratória A perda de um sentido em mim, O sopro de uma ideia sem fim, O massacre de todas as memórias, O passo manco de uma história. Não tem poesia no cotidiano, Não tem paciência na correria, Não tem graça ser um ser, Não dá pra ganhar sem saber perder. Mas que força tenho de ter? Quando insisto em ser um não ser, Onde me escondo que não consigo ver? O beco que inventei é morada da deprê. Mas sou luz, mesmo na sombra, Fiz das tripas coração pra ser um ser, Voar é muito pouco para um sonhador, Realizar é meu paradeiro pra continuar.

Roubaram a minha ideia na cara larga!

A sensação de ter sido roubado. Isto aconteceu comigo hoje vendo o Fantático. Um projeto meu, muito improvável de ser copiado, foi executado em uma rodoviária e transmitido para todo o Brasil através do programa. É bem simples, mas muito provocador. Modéstia à parte, a intervenção que eu projetei e alguém executou não tem falha, mas precisa de um corpo de artistas dispostos a encarar um desafio muito peculiar. A ideia era juntar um determinado número de pessoas, cada um a seu modo usual de vestir, andar ou falar e em determinado momento todos congelarem. Ficar parados por algum tempo em um lugar de grande movimento, como uma rodoviária, por exemplo, e assim instigar as pessoas a pensarem, no que estamos fazendo, ou o por quê de não estarmos fazendo nada, simplesmente nada. Depois de algum tempo assim, devíamos retomar nosso rumo sem nenhum encontro, nenhuma palavra, simplesmente sumindo na mesma multidão que deverá ir embora, chegar em casa e ficar se perguntando se aquilo realmente ac

Idade da razão?

No alto dos meus trinta e poucos anos penso rápido pra não deixar a idéia se esconder. A idade da razão também esconde a idade da dúvida. A percepção de que é agora ou nunca fica cada vez mais evidente e cada palavra que se fala, cada decisão que se toma parece definir o caminho do sucesso ou do fracasso. Quantas vezes me peguei sonhando com o sucesso e dele tirava todo proveito que o ser humano busca com o trabalho árduo do dia a dia. Carros, casa de praia, viagens, tudo muito a mão, tão a mão que escapa facilmente. Volto do devaneio para bater o ponto no almoço, mas a palavra desistência não existe pra mim. Mesmo que já tivesse me conformado em outras ocasiões lembro que pessoas não têm uma vida de sucesso. Uns tem logo no começo, outros mais na maturidade, mas ambos não ficam sempre em evidência, salvo raras exceções. Fico velho de pensar quantas vezes ainda tenho que sonhar com a mesma coisa pra ela acontecer. Tecer palavras em meio ao turbilhão de mega escritores que a era das míd

Inauguração em grande estilo!

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A chuva que caiu pesadamente no dia de inauguração do Rancho Pamella e Murillo não esfriou a animação dos donos da casa e muito menos dos visitantes. Serviu apenas para batizar o espaço de conforto e diversão, e claro muita comilância, com as bênçãos de Deus. No dia 17 de janeiro amigos e parentes se fartaram no delicioso churrasco regado a muito choop e drinks diversos. O anfitrião Marcos comandou a festa abrindo o bar com chopinho gelado. Seu Dalvo e Fábio comandaram a churrasqueira. O DJ oficial demorou a chegar e outro mandou “brasa” nas pick-ups eletrônicas. As fabulosas mãos femininas da família trabalhavam na cozinha e logo que o feijão foi servido na panela de ferro, sumiu. No auge da festa a chuva desabou e tocou todo mundo pra dentro do Rancho. Mais de cinqüenta pessoas pulando, bebendo e se divertindo sem dó. O cardápio de “goró” tinha até um Absinto , coisa rara e bem forte. Whisky, vodka, cachaça de alambique e não demorou muito para a risada rolar solta. Picanha, lingüiça

Banho de espírito

“Qual quer coisa eu ligo meu rádio”, ele falou. Desligou as luzes e ficou apenas com o monitor iluminando seu espaço de trabalho, pensou em algum acontecimento que tivesse mudado sua vida nos últimos dias e só se lembrou da cachoeira. Há menos de uma semana em uma cidade distante da capital ele viveu uma experiência única em sua vida. Os anjos que viviam lhe acompanhando tocaram mais forte seu coração. Sensível, percebeu que o lugar estava cheio de espíritos olhando para ele. O que fazia, o que pensava e principalmente o que dizia. Depois de algum tempo e também de algumas lágrimas que lhe tombaram no rosto, saiu de cena e fez uma caminhada. Os amigos lhe serviram de guia e então chegaram à cachoeira. A força da água e sua eletricidade estavam alinhadas com sua espiritualidade. O choque foi bem próximo dos pensamentos que ele provocou. Os espíritos se aproximaram e observaram ele se despir, ficando apenas com a sunga. O frio daquela manhã sem sol, deixaram a água quente por causa do ve

Vida escaldante

Versos dourados pra receber o verão Pouca roupa, muita idéia e muita cor Perfumes de corpos, da maresia e do bronzeador, A estação do sorvete, da noite e do amor Ventos que sopram sem rumo ou pudor, Esquentam mais do que palavras, gestos ou corpos, Carregam cheiros da Dama da Noite, e do creme incolor Disfarçam a ternura de um casal juvenil Aliviam a dor da falta de um amor Nos leva pra fora de um pensamento ruim Desdenham da vida passando assim A água inerte é um convite à miragem Olhos sedentos não matam sua sede Refrescam, os pingos do choro de Deus Molham palavras que travam ao céu Revelam-se em ondas que não levam seus pés, Nem lavam tua alma do pecado mortal Mas vigia-se o turno de seu bem querer e compaixão. A água purifica o calor do tesão Só perde pro amor a virtude da estação Namoro sobe de cotação, Beijo dura mais que um livro O sangue pulsa entre corações, Incha o peito, o sexo e a semente Germina o futuro sem saber ou querer, Usa o perfume da estação pra ludibriar o coraçã

Bom começo

O ano de 2009 tem perspectivas animadoras para o alto dos meus 33 anos. Pretendemos ter um filho, me formo Jornalista, vamos iniciar uma casa em Peruíbe, já fui promovido no trabalho e minha casa foi revitalizada totalmente. Porém, tenho plena consciência das muitas dificuldades que vou enfrentar. Tudo demanda alto investimento e meu orçamento está apertadíssimo. De todas elas ser Jornalista é a que me deixa mais animado e mais inseguro também. Como sabem, não trabalho com jornalismo. Sou Jornalista apenas de blog e alguns veículos da faculdade. Me projetar nesse mercado exigirá preparo e um poderoso Q.I. Para o primeiro me dedico muito na facu, mas o segundo ainda aguarda alguém que possa me empurrar para dentro. Apesar de todas as dificuldades estou muito confiante. Busco exercitar sempre que posso, vou escrevendo nos meus blogs, fotografando a Paulista, fazendo uma agenda de contatos, apurando minhas leituras, praticando meu inglês (este ainda em débito), mas quero ingressar o merca