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Emoção

Entre bruxas e mortos fico suspenso na bruma dos pensamentos que não se concretizam, não tomam forma. Aquele sentimento que ameaça sair vem até a garganta e trava, mas extravasa pelos poros, talvez faltem palavras, mas nunca sentimentos. Sentimentos nos traem. Nos revelam quando a gente não quer. Vira na cara uma expressão de indiferença, ou um sorriso malicioso de desejo, um despejo inconveniente de descoberta. Nessa hora imprópria pode também ser o contrário. Quando queremos demonstrá-lo, ele não sai. Fica barrado pelo orgulho, na mesma trava de garganta da marrudice, nos traindo de novo, tornando tudo insípido no limbo dos sentimentos. Mas sentimentos não são pensamentos. não posso escrevê-los, apenas tentar fazer com que se sinta o que eu sinto, mas é possível isso? Me parece um absurdo entrega-lo assim tão facilmente, ou tentar que eu transporte um pulsar para outro pulsar. O teu pulsar. Sentimento têm maturidade. Ela endurece o coração ao longo do tempo. Ao mesmo tempo fort

Faith no more

O que dissolve a fé, endurece a alma. A ingenuidade é colorida, saborosa, mas também pode ser cruel e dolorosa. Eu perdi minha fé. Ela foi escoando pela minha alma sem que eu percebesse que estava acontecendo, e antes de recuperá-la, eu tive que viver na resignação do preconceito e do silêncio. Tudo começou aqui na Internet, mais especificamente no Facebook. As turbulentas eleições de 2014 trouxeram uma novidade ácida, mas necessária. A turba acordou o gigante que não quer mais dormir. Mas a intolerância, o preconceito e o egoísmo imperaram neste meio indefectível de democracia. Vi amigos dizendo absurdos abomináveis, desfiz amizades, retruquei uma única vez e me rebaixei. Me arrependi porque neste rebaixamento me tornei igual. O silêncio dos inocentes vai se tornando poderoso, mas nunca é a vitória certa. Nesse momento eu perdi minha fé. Acho extraordinário a pessoa defender seu ponto de vista, sua ideologia, mas daí a classificar de "nordestinos ignorantes" as pessoas

Um amor, um lugar...

Não penso mais em dissolver as angustias da alma como uma torneira enferrujada que pinga e pinga sem parar. Minha alma toma agora contornos escuros de noites virulentas e mal dormidas. Não saberia decifrar os próximos passos, ao passo que penso neles exatamente à medida que eles acontecem. Não pretendo começar todos os parágrafos da minha vida com a palavra "não", mas fico sem sugestão diante da velocidade que as palavras se acotovelam para sair da minha mente. Minha mente, mente. Minha boca também, mas minha alma clama por verdade. Busco-a para dizer a mim mesmo todos os desvios que não quis tomar, mas que me tomaram e me deixaram de fora do caminho. Espesso é o sentimento que demora a se debruçar sobre o meu viver. Intenso é o desconforto pela falta de estímulos que ora busco no lugar errado, ora me envenenam com alegrias fugazes. A coisa vai ficando sem rumo. As palavras cessam de jorrar como se o jato fosse curto e grosso. Agora elas apenas pingam e pingam, e pingam 

A revelação do reveillon

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Fico pensando em que momento o ano acabou para mim e quando começou o outro. Tirando as expectativas existentes nessa mítica do 31 de dezembro vislumbro diversos fins e começos. Parece mais que o ano acabou quando começou minhas férias, isso em 15 de dezembro, e que 2015 começou há quatro meses quando iniciei a prática da Ioga (lê-se iôga, apesar do feminino ióga). É isso que me faz diferente hoje. As especulações não param por ai, encasquetei na minha cabeça que o tempo... esse tempo que contamos por meio de inúmeros digitais e ponteiros, traços diagonais em calendários de funilaria, anos que nos revelam mais velhos, e cada vez mais velhos, não existe. Simplesmente trata-se de uma das piores e irreversíveis invenções do ser humano. O tempo corrosivo é composto da decomposição. Em que momento estou vivendo e em que momento estou morrendo? O que faço para viver é diferente do que faço para sobreviver. Viver é a plenitude da felicidade. Para mim, viver é se arriscar a morrer. Sal