Moto b o y

Senta a prosa

Num dia chuvoso, os corredô embaçado, a gente vai que vai.

No parabrisa do capacete vai escorrendo a lágrima de Deus. Ninguém fica pensando nisso. Enquanto os retrovisores ficam pra trás um mundo de músicas e conversas escapam no vento.

Senta a puia!

Tudo sobre o que quiser conversar vai surgindo. Aquela ideia de trampo, a gatinha aqui e acolá, os problemas em casa trazem o amadurecimento. Tanto das ideias, quanto dos próprios personagens que a gente carrega. A baixinha doente, a outra distante. Dá um aperto lembrar daqueles rostinhos lindos e sabê-los crescendo. Encontrando as mesmas dificuldades que eu naquela curva no corredor. Amadurecendo.

Amadurecer também é fuga. Enquanto a gente amadurece as ideias, nos permitimos ir além, viajar mesmo, soltar a mente do corpo e levar só o coração. Assim são os melhores vinhos, os melhores livros, uma comida bem preparada e os dias de sol.

O coração e a cabeça se ocupam de suas tarefas invertendo as funções no trajeto. Ora a cabeça apenas bate como um relógio de parede, ou com os dedos no teclado fazendo o ganha pão; ora o coração se desgasta a tomar uma decisão extremamente importante. Mas não somos máquina. Não podemos equilibrar os dois sempre. A gente erra, e erra feio, muitas vezes. Lembra o amadurecimento? Então, olha ele ai de novo.

Ainda está tão longe... Mesmo que eu possa sentir, eu sei que está longe. Sobra cabeça e falta muito coração. As pessoas não se tocam que a vida em sociedade precisa de equilíbrio, respeito; mais amor, por favor! Mas a cabeça não deixa. Toda hora ela fica pensando em ser melhor. Não que seja sempre objetivamente, mas todo mundo lá no íntimo precisa se confortar com o erro alheio. Nos apoiamos muitas vezes nisso e esquecemos que do outro lado sempre tem alguém. Esse lado pode estar muito longe, além das fronteiras do país, além dos oceanos. Mas sempre tem alguém do outro lado.

Assim eu bati num retrovisor. E, antes que percebesse meus dedos doendo, uma buzina disparada a toda me despertou para o amadurecimento. O frio daquela manhã fez tudo ficar meio cinza. Eu parado pedia desculpas veementes e ela xingando e esbravejando sem parar. Eu agradeci o contato e voltei a divagar... não tão devagar. Ainda está muito longe, mas talvez já dê para enxergar.

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