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Mostrando postagens de junho, 2009

Jóia Rara - parte 1

No apartamento sujo e escuro da rua Tibiriça não havia conforto nenhum, mas ele estava ali só de passagem. Seu carro, um luxuoso Chrysler, ficou na outra residência. Andava a pé pela vizinhança. Todo dia de manhã enquanto tomava seu café, espiava a vizinha do prédio da frente em seu delicioso ritual para acordar. A bela morena dormia com pouca roupa. Levantava sempre às 7h, se descobria com os pés e esticava o corpo antes de sentar-se à beira da cama, às vezes com um leve sorriso, às vezes apenas com sono. Enquanto prendia o cabelo desgrenhado olhava pelas frestas da janela e depois abria todas as cortinas. Na mesma posição para não chamar atenção, ele apenas observava, a cada novo dia com maior interesse. Outro dia ele viu um gato com ela. Durante seu desjejum, numa manhã de domingo, ele a viu levantar, e quando ela sentou na cama o gato pulou no seu colo. Seus longos cabelos o cobriram, suas caricias hipnotizavam e seu sorriso tinha um misto de malícia e ingenuidade próprio das crian

Jóia Rara - parte 2

No dia seguinte, o frio aumentou. Ele pegou suas armas e as pôs em cima do mapa. Limpou e trocou a munição nas duas pistolas. Parou apenas para ver a morena acordar. Sorriu sabendo que sentiria saudades daquela visão. Estava com uma motocicleta em frente ao prédio. Às 9h desceu com as duas armas na cinta, um gorro que lhe cobria todo o rosto e o capacete. Ligou a moto, partiu e virou duas quadras a frente. Arremessou a moto numa loja de jóias, a mesma que visitara um dia antes a anunciou o assalto com as duas pistolas na mão. Os funcionários imediatamente se postaram com as mãos ao alto. Ele tirou o capacete e mandou duas funcionárias esvaziarem determinado balcão que guardava os diamantes. Ouro e pedras preciosas encheram um saco. Uma porta nos fundos se abriu e ela apareceu segurando uma arma, os dois atiraram, mas um tiro não acertou seu alvo. Todos se abaixaram e um alarme soou. Segurando firme a arma ela puxou seu walk-talkie e falou. Chegou perto, e ele apenas a olhava com as dua

Alimentos e desperdícios da consciência

Há mais lendas nos meus pensamentos do que realidades que criei ao longo dos anos. Explico, fiz minha carreira baseada na minha cultura familiar, mas tenho revoluções pipocando no meu cérebro que desenvolveram um conflito que em médio prazo não tem solução. Para isso, tenho que trabalhar outros projetos que não quero, enquanto aqueles que realmente podem vingar, terão de esperar, mas quero esperar? Não, mas sou obrigado agora. O fato de não estar sozinho especulando sobre meu futuro profissional é o mais pesado nesse contexto. Quando saio dos meus pensamentos pútridos tenho a ligeira impressão de estar me traindo. Rezo para que meus pensamentos não sejam maldosos, mas uma crise de consciência busca uma solução para este paradoxo. Escapar das armadilhas do tempo é uma incógnita para mim, porque vejo ele se esgotar sem realizar. Toda complexidade dessa encruzilhada de desejos e obrigações nasceram comigo e vão morrer comigo. Os meus pecados são variados, mas não seria um também o fato de