José Basileu, se benzeu e morreu
José Basileu era um cara comum, não tanto, é verdade, mas não passava por esquisito. Trabalhava, comia, bebia e rezava. Tinha mulher, três filhos meninos, todos corinthianos, e morava na periferia da periferia. Quase mato, quase asfalto. De tão longe comprou uma moto para ir trabalhar. Fazia metade do tempo, mas morria de medo. Corredor, só se for largo. Ultrapassar então, só os carrinhos de sorvete na calçada. Mas quando bebia, virava piloto de corrida. Curtia as luzinhas vermelhas brilhando e sendo deixadas para trás. No dia seguinte, se arrependia. Deitava a cabeça penosa no travesseiro fedido pedindo para não mais repetir o abuso. E demorava a aprontar, funcionava. Sua mulher um dia falou “Zé, cuidado, Zé, você tem três filhos e não vai me deixar sozinha né?” Assim, Zé Basileu, deixou de beber antes de pilotar e voltava tranqüilo para casa. Passava os dias a divagar se devia ou não ficar, filosofava tanto que se perdia sem perceber num pensamento qualquer. Zé oscilava, mas não era