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Mostrando postagens de abril, 2011

José Basileu, se benzeu e morreu

José Basileu era um cara comum, não tanto, é verdade, mas não passava por esquisito. Trabalhava, comia, bebia e rezava. Tinha mulher, três filhos meninos, todos corinthianos, e morava na periferia da periferia. Quase mato, quase asfalto. De tão longe comprou uma moto para ir trabalhar. Fazia metade do tempo, mas morria de medo. Corredor, só se for largo. Ultrapassar então, só os carrinhos de sorvete na calçada. Mas quando bebia, virava piloto de corrida. Curtia as luzinhas vermelhas brilhando e sendo deixadas para trás. No dia seguinte, se arrependia. Deitava a cabeça penosa no travesseiro fedido pedindo para não mais repetir o abuso. E demorava a aprontar, funcionava. Sua mulher um dia falou “Zé, cuidado, Zé, você tem três filhos e não vai me deixar sozinha né?” Assim, Zé Basileu, deixou de beber antes de pilotar e voltava tranqüilo para casa. Passava os dias a divagar se devia ou não ficar, filosofava tanto que se perdia sem perceber num pensamento qualquer. Zé oscilava, mas não era

Saco d'agua

Levava um saco de água Mas no saco não se leva água Desajeitado a água foge da saca O peso balanga e escorre Mas quem disse que era uma saca O saco que não está furado não vaza Mas é um saco, é um desconforto Um líquido tão precioso Os passos tortos no chão esburacado As pedras teimam fincar no chinelo O sol castiga o cucuruto A casa anda pra trás No saco a água não fica Aumenta com um pouco de lágrima E diminui ao passo dos passos O sorriso tem poucos dentes A sombra do saco some Uma criança se anima enquanto come A saca murcha se encolhe vazia Tão triste ser traída