Idade da razão?

No alto dos meus trinta e poucos anos penso rápido pra não deixar a idéia se esconder. A idade da razão também esconde a idade da dúvida. A percepção de que é agora ou nunca fica cada vez mais evidente e cada palavra que se fala, cada decisão que se toma parece definir o caminho do sucesso ou do fracasso.

Quantas vezes me peguei sonhando com o sucesso e dele tirava todo proveito que o ser humano busca com o trabalho árduo do dia a dia. Carros, casa de praia, viagens, tudo muito a mão, tão a mão que escapa facilmente. Volto do devaneio para bater o ponto no almoço, mas a palavra desistência não existe pra mim. Mesmo que já tivesse me conformado em outras ocasiões lembro que pessoas não têm uma vida de sucesso. Uns tem logo no começo, outros mais na maturidade, mas ambos não ficam sempre em evidência, salvo raras exceções. Fico velho de pensar quantas vezes ainda tenho que sonhar com a mesma coisa pra ela acontecer.

Tecer palavras em meio ao turbilhão de mega escritores que a era das mídias suplanta, é tarefa, ou de louco, ou de retardado. Na verdade só aparece mesmo quem tem o dom de misturar as duas de forma super equilibrada com um leve toque de ousadia. Ler o mundo não é difícil pra mim, mas para tornar essa leitura em escrita confesso que ainda não decifrei como fazer.

Confio na minha persistência. Outro dia participei de um treinamento da empresa com personalidades e políticos. Escrevi uma breve reportagem e espalhei para empresa. Diretores e gerentes também. Tive uma surpresa agradável quando meu gerente geral me elogiou. Descobri também que a satisfação do meu trabalho pode ser equiparada a de um artista, mesmo quando não se trata de uma obra, que são livros, peças e músicas, o aplauso pode ter o valor de um pagamento.

Essa ilusão também me divide e quando completar mais um aniversário, lembrarei das decisões que omiti e as que expus para saber exatamente se o sonho acordou e virou realidade, ou se ele continua na penumbra, me fazendo esquecer mais rápido o sucesso midiático, e acreditando cada vez mais que minhas escolhas foram para minha felicidade e não minha realização.

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