A arte de ser medíocre

 

Existe uma fabulosa paz para os que se reconhecem medíocres. E mediocridade no capitalismo exacerbado parece um xingo. Na verdade, ser mediano, medíocre, nada mais é que estar ali... meio que no meio da tabela... nem campeão, nem rebaixado. Tipo o São Paulo dos anos 10 (ridículo, aliás).

Mas enquanto somos forçados a encarar que menos que campeão é lixo, o gosto do chorume nos entope a garganta, embrulha o estômago, nos faz depressivos demais para sermos felizes com o que temos. E é aí que entra a arte de ser medíocre.

É o que temos para hoje. E aceitar isso tem um bônus extra além da que toda aceitação tem. Aceitar a mediocridade, não é ser acomodado. Até porque, você pode não ser medíocre em tudo o que faz (inclusive isso pode acontecer, sem problemas também), e ter coisas que goste de fazer, e que execute bem melhor que a maioria das pessoas. Aceitar a mediocridade, é libertador do ponto de vista da pressão de ter que ser o melhor em tudo (principalmente no trabalho). Estar ali no meio campo, fazendo a ligação entre defesa e o ataque não compromete, nem exalta, mas é fundamental.

20 anos de mediocridade, sendo enganado pelas propagandas enganosas de que sim, é possível ir além (sempre)! Ser medíocre para uma pessoa parda, não é a mesma coisa que ser medíocre para um homem branco (mesmo os feios). Você fica ali no meio termo forçando a barra e tomando não para todas as oportunidades que lhe são acessíveis. Ser um pardo medíocre, é sufocante.

Hoje estou medíocre. E dentro desta aceitação, me reinvento e me asseguro de que não é culpa minha. Ferramentas e oportunidades são aspectos dessa condição. Mas mergulhando mais profundamente no quesito felicidade, estar medíocre é libertador, e hoje estou livre de tantas coisas que me faziam infeliz, que enxergo a arte de ser medíocre. Arte a que me dedico no momento, sem medo nenhum de me ofender.

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