Fumaça

Perdi a graça de fazer poesia
Tenho saudades dos tempos de rebeldia
Da indignação, da revolta em palavrões
Tenho saudade das revoluções

Cada dia inventava uma
Se fosse a escola, a família, não importava
Certo era ter um motivo para ser contra
Um poder obsoleto da juventude quase ignorante
Uma ideologia borbulhante de fim de século
Fumava woodstocks, bebia em maio de 68,
Surrava os portões da ditadura, sem saber

Naquele tempo parecia fácil me esconder
Passava invisível na sala lotada
Vestia roupas cortadas, quase maquiadas
Explodia as paredes do quarto com a Janis, o Raul e o Led
Como faz falta os cds espalhados no chão
O caderno rabiscado com ideias sublimes
A falta de alguém dava espaço pra mim

Hoje o jornal me entorpece
O BBB me enriquece
A Web me suga
Sou filho da era do vazio
Nem Bush, nem Osama, muito menos Obama
Sou pertinente à América Latina

Bronzeado de nascença, imóvel por excelência

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