Faith no more

O que dissolve a fé, endurece a alma. A ingenuidade é colorida, saborosa, mas também pode ser cruel e dolorosa. Eu perdi minha fé. Ela foi escoando pela minha alma sem que eu percebesse que estava acontecendo, e antes de recuperá-la, eu tive que viver na resignação do preconceito e do silêncio.

Tudo começou aqui na Internet, mais especificamente no Facebook. As turbulentas eleições de 2014 trouxeram uma novidade ácida, mas necessária. A turba acordou o gigante que não quer mais dormir. Mas a intolerância, o preconceito e o egoísmo imperaram neste meio indefectível de democracia.

Vi amigos dizendo absurdos abomináveis, desfiz amizades, retruquei uma única vez e me rebaixei. Me arrependi porque neste rebaixamento me tornei igual. O silêncio dos inocentes vai se tornando poderoso, mas nunca é a vitória certa.

Nesse momento eu perdi minha fé. Acho extraordinário a pessoa defender seu ponto de vista, sua ideologia, mas daí a classificar de "nordestinos ignorantes" as pessoas que pensam diferente é muito para minha alma altruísta. Pintar o país com as cores azul e vermelha e dividi-lo ao meio é fruto de uma imprensa tendenciosa que fica "isqueirando" a população que inevitavelmente torna o adversário inimigo. Me tornei inimigo. Mandei as pessoas que pediram para separar o país se mudarem para a Argentina, pois teria que me mudar para o norte. Eu não sou daqui.

Em casa mesmo estava cercado. Tentei não argumentar muito, mas me acharam petista demais, o que verdadeiramente não sou, mas gostei da pecha. As palavras vão se engasgando tentando explicar o inexplicável. A política não se argumenta mais, ela se vende nas mídias. Não consegui explicar direito porque prefiro o PT ao PSDB, mas o tempo dirá por mim. Lá no fundo eu sei, mas não quero convencer ninguém.

Não vou retornar minhas antigas amizades, mas com esse texto estou saindo definitivamente da resignação e principalmente reestabelecendo minha fé. Perdê-la nunca mais. Ainda tenho como lutar para que o país melhore e seja mais justo. Ainda acredito que no ser humano prevaleça o sentimento da caridade, e que a ganância perca ainda mais sentido num futuro amassado pelas agressões ao meio ambiente.

Logo mais publicarei o Manifesto da Sustentabilidade Social e entrarei de vez nessa briga. Vem comigo?

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