Bom dia sem Rita
Botei um bluezinho hoje pra ir devagarinho
Amanhecer hoje foi um teste de resiliência daqueles que temos quando o tombo é grande. Uma artista, uma pessoa que ficava ali no canto da sala olhando de soslaio todos os seus self-judges sobre tudo que faz. Rindo percebendo o quanto nos esforçamos para deixar a vida passar sem toca-la, sem que vivamos realmente ou plenamente.
Ser humano é uma barbárie. Brasileiro então, é um troglodita. Um guerreiro sem dentes, sem armas, sem comandantes. Mas ela não. Ela vivia como uma pena que flutua sobre todas as intempéries. Uma pena brilhante, leve e louca de tanta substância química que temperava seu ser. Privilégios, claro, mas quantos souberam usar como ela?
É daí que vem a força do Rock. Dessa temperância ácida. Desse desleixo proposital de fugir dos esteriótipos que nos pausterizam no vislumbre coletivo. Rita era natural. Era Franciscana - hippie, mas uma Franciscana.
Mais do que as músicas que cantou e nos tirou do sofá, as palavras que pro feriu, nos ensina que é possível ser humano e ser santo. E também que sim, as mulheres nunca mais serão as mesmas. Chega de piadinha, chega de violência, chega de subvalorização, de submissão, de coadjuvantismos.
E assim como as estrelas, Rita firmou-se no firmamento da nossa cultura transformando-a, e brindando como uma vampira, nos seduziu para seu abismo celestial. Que aprendamos a ser um pouco menos chatos, porque de chatice, ninguém vive.
Rita Lee, stay with me!
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