Reveilão na PG

O ano de 2006 se vai e traz na seqüência 2007, e o paulistano mais uma vez enche o carro pra descer a serra e pular sete ondas em algum ponto do litoral paulista. Este ano o recorde de carros descendo a serra teve muito a ver com o feriado postado na segunda-feira, deixando um final de semana inteiro pra lotar a praia e também as estradas.
A descida foi a parte lenta de toda a festa. O sistema Anchieta - Imigrantes estava tomada de carros por todos os lados e de todos os tipos, desde os mais novos até os latas-velhas e aja paciência. O trajeto de uma hora nos dias normais se estendeu por mais de três em média, chuva fina no pára-brisa, vento de saudade no peito e outras melodias menos conservadoras invadiam o espaço acústico entre os carros. Quem optou pela descida via Anchieta, pista 1B se deu bem, a maioria queria a nova Imigrantes, e os caminhões e ônibus tinham que suportar a 1A, ademais em um ponto magnífico da 1B uma vista noturna esplendorosa da baixada compensa a espera pela chega à praia.
Além de todo festival de rituais habitues do reveillon, o clima do litoral faz os corpos se entregarem a uma nova condição. A maioria das pessoas que descem só fazem isso nos finais de ano e aproveitam não somente para se embebedar na areia como também para renovar seu espírito para enfrentar mais um longo ano de angustias e muita labuta, mas o que aparece mais mesmo são as latinhas de cerveja por toda orla.
O sabadão na Praia Grande amanheceu nublado, com cara de poucos amigos e, mesmo assim, não intimidou quem enfrentou todos os desafios de se juntar ao povão paulistano, a praia logo cedo estava lotada. Quem saiu antes para comprar pão na padaria provavelmente perdeu a parte da manhã em alguma fila, e, aja paciência. Após conseguir um lugar ao sol, foi só esperar para receber as ofertas mais variadas de quitutes e refrescantes dos ambulantes. Alcoólicos em geral: batidas, caipirinhas, cerveja, drinks sofisticados e outros. O tradicional camarão no espeto (que coragem), queijo coalho, pururuca e milho verde fazim às vezes da fome para quem não levou o tupawere com franguinho e farofa. Sorvete então era um festival: grande, pequeno, ao leite, na água e as crianças pediam mais. Água de coco, raspadinha e muita água para suportar o calor. No mar as crianças não deixavam ninguém surfar as pequeninas ondas da PG, em compensação os banhistas estavam muito bem monitorados pelos bombeiros que caminhavam, patrulhavam de botes e de helicóptero. Ao fim do dia, futebol com direito a um belo arco-íris que dividia o céu em claro e escuro, seguido por uma aurora cor-de-rosa que tomou toda parte sul do céu.
Domingo, dia 31, o sol resolveu que quem viu, viu e quem não viu não verá em 2006. A chuva que caia lenta e intermitente levou pra praia apenas os mais afoitos que não se incomodavam com os pingos ou os que chegaram só no domingo mesmo. O dia que pareceu noite não demorou a passar, desta vez, a praia foi o calçadão da orla onde as pessoas pediam licença para caminhar em seus quase cinco metros de largura, e aja paciência. O colorido das roupas de verão aos poucos foi sendo substituído pelo branco tradicional de fim de ano, a noite cai e a ceia improvisada ou bem elaborada foi degustada por todos antes da meia-noite.
Na hora dos fogos estava todo mundo na praia. Os tiros de canhão pipocaram no céu durante mais de uma hora. Quinze minutos aqui, quinze ali e assim milhares de pessoas se abraçaram e desejaram-se um ano cheio de paz, saúde, alegria e paciência. E se paciência é uma virtude passar o ano na Praia Grande é uma dádiva.
Ao fim da aventura é hora de começar o ano com bastante, adivinhem, paciência e coragem para não entregar os pontos no percurso até em casa e chegar sem gás para enfrentar todo o ano de 2007.

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