A minha alma vaga num mundo que eu não domino completamente. Hoje, por exemplo, tenho que reviver tempos em que minha ideologia era crente num mundo diferente, que eu poderia ser original e fiel às minhas idéias.
Vez por outra me pego lembrando do dia em que resolvi fazer batas com temas rock para vender. Fizemos, eu e o Boca, um grande amigo, batas da Janis Joplin, Raul Seixas, Led Zepeling . John Lennon entre outros. Deu certo, vendi tudo rapidinho, mas não tínhamos nem estrutura, nem capital. Fomos desanimando esquecendo.
Tempos depois me meti em outra empreitada, agora sozinho, mas igualmente sem grana. Fiz um campeonato de surfe. Tudo porque queria testar minhas habilidades que durante anos enrugados dentro do mar, treinei. Foi outro fiasco, pois acabei picpocando tanto na água quanto na areia. Faltou assistência aos amigos que foram prestigiar, faltou remada para entrar na onda, faltou tudo, mas teve campeão, muito contente por sinal, teve mulher bonita na areia e teve algo que ninguém nunca vai saborear e nunca vai roubar. A boa experiência de levar um sonho adiante.
Agora, aos trinta, falta gás para entrar com tudo numa nova empreitada. Mas também, tem a maturidade, tem conhecimentos específicos que talvez valham alguma coisa. No meu íntimo sei que cedo ou tarde vou acertar. Sempre tive vontade de modificar os planos de Deus para mim, embora sempre respeitasse o que me fora revelado e guardado. Mas ainda há algo para desfrutar dessa massa cinzenta embrulhada de tabaco e sol.
Surf e som sempre andaram juntos na minha vida, talvez, como sempre senti esse fio de prata me amarrando a algum empreendimento, seja por esse caminho meu encontro com o pote de ouro. Não pretendo revelar aqui meu projeto, que aliás, nem saiu da minha cabeça, mas quero apenas aguçar meus instintos de escritor selvagem para tentar encontrar num mundo cinzento e cansado, um pouco de brilho e de cor.
Talvez exista ai um pouco do eu escondido que queira brilhar, que queira desabrochar para a vida que tanto clama por justiça e diversão caminhando juntos em traços paralelos de sacrifício e recompensa.
Um abraço será sempre um abraço, uma despedida será sempre uma despedida, e uma nova tentativa, será sempre uma nova tentativa.

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