De sol a sol – vinte anos de surf

Aos 12 com minha Curle e Curve


A serra na Mogi-bertioga iluminada pelo sol das 8h foi o cenário que escolhi para revelar a meus novos amigos que aquela descida representaria o aniversário de vinte anos do surf na minha vida. Quando já na Riviera desci a primeira onda, me lembrei de como tudo começou. A velha sensação de liberdade e de felicidade que o surf proporciona invadiu minha alma do mesmo jeito que a primeira vez.
Assim é o surf. Quem se aproxima do esporte percebe sua vibração positiva logo de cara. As praias, as roupas, as cores, a sensação de liberdade é incrível. A impressão que eu tenho, sem falsa modéstia, é que sou precursor dessa sensação, pois quando descobri as pranchas elas eram raras ainda, não era bonito ser surfista por causa dos preconceitos. O fato é que eu pedi uma prancha pro seu Noel e ele trouxe, há exatos 20 anos. (Noel não entendia muito de surf, essa prancha era uma das piores na época. Veio numa caixa de papelão, enrolada num plástico bolha, as quilhas móveis eram grossas e o material pesado – um verdadeiro toco).
Meu irmão foi a pessoa mais importante no início. Foi ele quem me ensinou a pegar onda de morey, e a gente sempre ficava em pé. Depois ele ia me apresentando os caras que manjavam e assim fui aprendendo a passar parafina, correr uma parede, prender o leash, até eu dar o primeiro cut-back, coisa que ele ainda não fazia.
Meus avós moravam na Praia Grande no litoral sul de São Paulo e eu saia de casa com minha "Curle Curve" enrolada em um cobertor e ia para o Jabaquara a cada quinze dias. Passava tanto tempo no mar que dormia vendo as ondas vindo em minha direção.
Os anos foram passando e eu comecei a comprar capas de pranchas para viajar para outros picos. São inúmeras histórias que levariam um livro inteiro para eu contar. Dois momentos merecem destaque.
O primeiro foi ter conhecido Itamambuca. Com pouca grana não fui para picos internacionais, mas conheci o Sul e o Rio de Janeiro e foi aqui mesmo em Ubatuba no Estado de São Paulo que encontrei minha “onda metade”. O segundo foi o campeonato que idealizei e realizei em Maresias, o 1º Friends Surf Challenge. Fiquei meio atrapalhado na hora de administrar e competir ao mesmo tempo, mas avancei duas baterias, e, embora não tenha me identificado com a competição, foi uma experiência única.
Hoje, casado e pai de uma linda menina vou pouco para a praia, mas ainda consigo sentir pelo surf o mesmo entusiasmo de um moleque com 12 anos que vislumbra o esporte dos reis pela primeira vez. E tenho certeza que vou estar velhinho, meio esquecido das coisas, e surfando altas, e sentindo a mesma alegria e felicidade que eu senti há duas semanas na Rivierade São Lourenço.


Aloha!

Eu e o Renan pouco antes de entrar no mar e completar 20 anos de surf!




Comentários

Eu disse…
ola bonito blog passe tb pelo meu
velhinho, não tenho dúvidas que logo mais as bodas serão outras...
vc. é um incentivo.
um cara que me fez analisar melhor as ondas, valeu mesmo!

aloha, surf away forever.
Anônimo disse…
Casse....Surf....surfista....ou só jornalista....não sei, mas as aventuras e sensações vão se misturando e voce se multiplicando, nos mostrando caras e corações, ou apenas corpo e alma ? Valeu compadre....que benção Deus me deu ao vê-lo batizando meu filho....beijão

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