Bate-volta, fica

Neste feriado de 7 de setembro marcamos um bate-volta para a praia grande com uma rápida passada em Peruíbe para ver nosso terreno, e claro, um surf para quebrar o gelo. Fomos no dia 6 e de tudo aconteceu. A descida foi tensa com muita chuva dentro e fora do carro. Na primeira queda para o surf fiz três salvamentos nos perigosos bancos de areia, e terminamos com um mágico final de tarde.

Descemos em dois carros e todos muito animados, mas foi só até chegar à Imigrantes. A chuva apertou, a visibilidade foi pro saco e para piorar, minha prancha estava presa no teto com fitas que mandavam a água pra dentro. Aos poucos eu e a Déia ficamos ensopados.

Entre desistir e seguir viagem, fomos em frente. Chegando no apertamento todos sentaram no sofá e ficaram assistindo pica-pau, e eu rapidamente peguei minha prancha e fui pro mar antes que alguém falasse em ir embora. Ai começou o segundo perrengue.

Escolhi entrar perto de uma família porque a visibilidade no mar tava muito prejudicada. Antes de chegar à arrebentação vi uma mão girando no alto e cinco pessoas num “buraco” do banco de areia. Remei pra lá e chegando puxei um cara que tava se afogando. Na seqüência uma menina gritava “Eu sou criança, me ajuda, eu sou criança”. Peguei ela e levei até o cara que já estava seguro no banco de areia, voltei. Puxei mais um cara e duas meninas boiavam mais pro fundo.

Essa parte do resgate foi foda. Cheguei na primeira e disse para segurar minha cordinha. Reboquei ela até a parte rasa e senti que meus braços já pipocavam. Quando voltei, a outra estava desesperada e gritava o tempo todo. “Vai tio, vai tio” E eu falava pra ela me ajudar, mas nada. Trouxe ela também e muito cansado ouvi um dos caras perguntado se eu era salva-vidas. Disse que não, então ele me convidou para tomar uma depois. Ri da ironia involuntária e tentei surfar, mas não tinha braço e o mar tava grande. Voltei pro ap e contei minha saga.

Durante o almoço as coisas começaram a mudar. O sol despontava timidamente entre as nuvens e meu sogro confirmava nossa ida à Peruíbe. Nosso terreno tava lá, guardando nossos sonhos de construir uma casa grande e iluminada.

Na volta, sob protestos da gordinha (Déia) sentenciei: “ainda vou pegar umas ondas”. Era cedo e quando fui pro mar um dos carros subiu com parte da galera, foi ai que a mágica aconteceu.

No mar, as ondas estavam perrrfeeeeitas e mesmo cansado e fora de ritmo peguei algumas maravilhas, e quase sem luz fui agraciado com um arco-íris num visual de tirar o fôlego. Saí feliz e satisfeito com o esforço. Na areia, minhas filhas, a Déia e meu tio me esperavam.

Depois de um banho quente e um descanso fajuto, fomos todos à feirinha do Caiçara comer um tempurá. Tava demais, mandamos uns doces, refris e muitas conversas depois, com destaque para a chuva e o salvamento, claro, botamos o pé na estrada de novo.



Cheguei em casa só o pó, mas feliz de ter vivido tantas e diversas emoções no mesmo dia. O surf meio pesado me fez ter sonhos estranhos com armas e labirintos, mas me deu gás para mais uma semana de trampo e faculdade. Tenho certeza que tudo teve um propósito e em breve vou voltar a surfar ondas perfeitas como as de ontem, desta vez sem sustos ou perrengues.

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