Sem título

Queria lembrar dos meus dentes de leite. É um barato arrancar os dentes da minha filha. Lembro do meu pai e de quando eu repetia os escândalos que minha filha faz. Mas faz tanto tempo isso, nem sei de verdade porque comecei esse texto falando disso, mas enfim, gosto de deixar as letras rolarem, aparecer e desaparecer como um passe de mágica.

Quando eu era pequeno eu quase psicografava ao escrever, mas já tentou fazer isso no computador.. é foda porque não dá pra apoiar a cabeça numa das mãos... Escrevo quase pensando no final e isso é um assassínio. Há tantas coisas a divagar.

Por exemplo? Fazer uma pequena reflexão aqui. Eu jovem jornalista e velho filósofo sempre pensei na vida como um algo a fazer, mas aprendi que esse algo quase não existe. Lenda pessoal, conspiração do universo, destino, sei lá, é muita coisa acontecendo junto, tipo contas pra pagar, saca? Daí ser artista nesse turbilhão de boletos é praticamente impossível, tem que ser muito fera. Eu pensei que cada um de nós fosse uma estrela. Vi tantos quebrados por ai, sem brilho algum e isso ora me faz voltar a pensar nas contas, ora me faz querer fazer alguma coisa.

Nessas eleições por exemplo me senti orgulhoso de não eleger ninguém. E, pô, pela primeira vez eu votei nos candidatos que acreditava acrescentar alguma coisa, até votei na Dilma no segundo turno, mas os outros ficaram só no quase lá. Me senti orgulhoso mesmo, porque percebi que o povo gosta de votar naquele que vai ganhar, mas depois fica com vergonha de admitir que votou no Tiririca. Ele mesmo parece sinal de uma pluraridade que o congresso precisa, mas será que ele terá a chanche?

Eu queria mesmo é saber escrever. Já pensou que orgulho da mamãe, noite de autógrafos, matérias assinadas, coberturas internacionais... vixi Maria, sairia do escritório numa boa. Só fico lá por causa das malditas contas que só faço crescer, ao mesmo tempo que crescem minhas mulekas de casa.


Pra terminar, bom pra terminar, vou falar uma coisa pra você que pode te surpreender.. vou cagar. Vou cagar pra tudo isso que fica me empatando, me tirando o sono, eu quero viver! Vou pegar minha moto, minha prancha, vou deitar nas ruas e estradas e descer as mais belas ondas do litoral brasileiro. Vou continuar escrevendo sim, não adianta se felicitar, mas vou escrever cagando (preciso de um laptop). Pode ser que fique uma merda, pode ser, mas também pode ser que fique legal. É tudo projeto de ter um projeto, mas a vida ainda suspira na veia, vê comigo que cê passa de ano.

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