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Mostrando postagens de 2011

Amanhã vai voltar

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Na lua, no céu, no frio Nem todas as gotas de chuva podem dissipar As ideias fugazes, as intenções mais negras O negrume da alma . Nem os ventos, nem o sol O desconforto da alma está fora de alcance? Está em cada detalhe? Em algum lugar? Em todos. Quanto mais eu penso em não pensar Mais eu penso. Tento fugir, não ligar, mas à sombra de um sorriso Ela está. Tento apenas mentalizar Trago um mantra entre um trago e outro Faço a má ideia viajar Ela vai, mas vai voltar Quando não mais sinto forças É hora de rezar. Alguém tem mais força que a alma, e sabe a limpar Tira tudo da frente. Agora estou mais calmo Ela não vai voltar, vai me deixar quieto Me esfrego os braços contra o frio da lua Deixo o medo me dominar, hoje eu estou salvo, mas amanhã vai voltar

Mãe, como eu amo você!

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Cheguei para a feijoada com um singelo pacotinho de presente que minha filha deu à avó, mas como minha mãe não deixa nada barato, ao me beijar ficou cassando algo no meu bolso. “Quero saber onde está a cartinha que me escreveu” disse já meio desanimada. Pensei “que coisa infantil, né?” me senti criança, como se a data comemorativa não fosse suficiente para a nostalgia. Mais tarde, decidi que ia lhe escrever um texto, a tal cartinha, mas queria fazer algo mais maduro, que pudesse refletir os anos na faculdade, as filhas quase crescidas, enfim, todos os meus 35 anos de idade. Falar-lhe algo profundo, para que ficasse marcado para sempre na memória. No segundo parágrafo (este que acabou de ler) me dei conta de que nada é tão tocante quanto dizer para a minha mãe simplesmente, eu te amo! Senti vontade de transformá-la em minha “rosa verde” da qual somente ela se lembra. E tudo isso é tão infantil, mas de alguma forma é tão forte que chega a faltar ar pra dizer, pra escrever, e é maravilhos

José Basileu, se benzeu e morreu

José Basileu era um cara comum, não tanto, é verdade, mas não passava por esquisito. Trabalhava, comia, bebia e rezava. Tinha mulher, três filhos meninos, todos corinthianos, e morava na periferia da periferia. Quase mato, quase asfalto. De tão longe comprou uma moto para ir trabalhar. Fazia metade do tempo, mas morria de medo. Corredor, só se for largo. Ultrapassar então, só os carrinhos de sorvete na calçada. Mas quando bebia, virava piloto de corrida. Curtia as luzinhas vermelhas brilhando e sendo deixadas para trás. No dia seguinte, se arrependia. Deitava a cabeça penosa no travesseiro fedido pedindo para não mais repetir o abuso. E demorava a aprontar, funcionava. Sua mulher um dia falou “Zé, cuidado, Zé, você tem três filhos e não vai me deixar sozinha né?” Assim, Zé Basileu, deixou de beber antes de pilotar e voltava tranqüilo para casa. Passava os dias a divagar se devia ou não ficar, filosofava tanto que se perdia sem perceber num pensamento qualquer. Zé oscilava, mas não era

Saco d'agua

Levava um saco de água Mas no saco não se leva água Desajeitado a água foge da saca O peso balanga e escorre Mas quem disse que era uma saca O saco que não está furado não vaza Mas é um saco, é um desconforto Um líquido tão precioso Os passos tortos no chão esburacado As pedras teimam fincar no chinelo O sol castiga o cucuruto A casa anda pra trás No saco a água não fica Aumenta com um pouco de lágrima E diminui ao passo dos passos O sorriso tem poucos dentes A sombra do saco some Uma criança se anima enquanto come A saca murcha se encolhe vazia Tão triste ser traída

Se eu pudesse e meu dinheiro desse...

Fiquei pensando, se eu pudesse e meu dinheiro desse, o que faria?... Vou começar a responder essa pergunta sendo bastante egoísta, mas teria 4 esposas. Sim, elas reclamam, mas fazem tudo por nós, imagine quatro. Dois filhos com cada uma, todos mais ou menos na mesma idade. Uma casa cheia, bastante bagunça e confusão. Bastante amor e respeito também. Segunda coisa, talvez menos excêntrica, mas bem louca. Mandaria recapear todas as ruas por onde passo com minha moto, faria um corredor bem largo no meio dos carros, sairia de casa pra trabalhar feliz da vida. Depois disso faria um túnel tipo escorregador que me levaria direto à praia. Todo mundo já sonhou com um escorregador que sai da janela direto para piscina, o meu levaria à praia, com várias bifurcações pra escolher o melhor pico pra surfar. Alguns deles com fundo artificial, produzindo tubos largos como os corredores de moto que estaria em sampa. No dia das crianças construiria um castelo de chocolate e caramelo, tudo comestível. A m