Não tenho cara de nada
Lendo um livro de um japonês me deparei com uma questão que já foi preocupante em minha vida. Hoje falo sem essa preocupação sobre o assunto, mas sem ter o entendimento perfeito ainda. O livro fala de um personagem que é escritor de romances, mas que não tem nenhum livro publicado. Conversando com um velho sábio este diz, "você não tem cara de escritor", e ele se justifica dizendo que não tinha publicado nada ainda, mas o velho diz, "não tem nada a ver, talvez você não esteja pronto ainda".
Este é o ponto da reflexão. Um dia uma pessoa me falou que eu não tinha cara de surfista, e eu sei que realmente não tenho, mas nunca encarei os estereótipos como verdades absolutas também, mas enfim, pensei que realmente não sou o típico surfista que vai à praia sempre, usa roupas que entreguem esse gosto, fala em gírias, mas quando estou lá fora, pego as minhas ondas e elas me fazem feliz.
Também não tenho cara nem de jornalista, nem de escritor. Um dia na faculdade deixei a barba crescer e ganhei um par de óculos por conta da míopia e a professora me disse: "agora você está com cara de jornalista". Nem preciso dizer o quanto eu fiquei feliz, né? A verdade é que nunca exerci a profissão com carteira assinada, ou fiquei pagando de pseudointelectual pra conseguir uma redação onde trabalhar. Fiz meus bicos, mas não me sinto jornalista.
Já escritor eu sou de nascença, se é que isso é possível. Mas qual é a cara de um escritor? Tipo Paulo Coelho, ou tipo Jorge Amado ou Luíz Fernando Veríssimo? Meio heterogêneo né? Mas essa é a única cara que eu queria ter. De escritor. De passar e alguém dizer "nossa, olha lá, tenho certeza que é escritor". Mas hoje todo mundo é um pouco, nem que tenham os caracteres bem limitados, todo mundo filosófa um pouco no twitter ou no facebook.
Aproveitando que também não tenho cara de skatista vou comprar um skate. E isso vou ter de fazer escondido da minha esposa, tipo aparecer com um usado e dizer que é emprestado e nunca mais devolver. Descobri que aos poucos estou me reencontrando. O surf com prancha nova, revistas e bermudas com strech e o cheiro de parafina no quarto estão me devolvendo algo que deixei no passado quando escolhi andar por ruas escuras à pé ou descalço. Por isso acho importante o skate. Ele é parte desse reencontro, assim como meus escritos sem interesse comercial.
O livro japonês ainda não acabou e o personagem está mesmo longe de publicar seu primeiro romance, mas tenho certeza que ele encontrará algo bem mais importante. O livro se chama 1Q84 de Haruki Murakami, excelente, por sinal, só não sei se ele tem cara de escritor.
Este é o ponto da reflexão. Um dia uma pessoa me falou que eu não tinha cara de surfista, e eu sei que realmente não tenho, mas nunca encarei os estereótipos como verdades absolutas também, mas enfim, pensei que realmente não sou o típico surfista que vai à praia sempre, usa roupas que entreguem esse gosto, fala em gírias, mas quando estou lá fora, pego as minhas ondas e elas me fazem feliz.
Também não tenho cara nem de jornalista, nem de escritor. Um dia na faculdade deixei a barba crescer e ganhei um par de óculos por conta da míopia e a professora me disse: "agora você está com cara de jornalista". Nem preciso dizer o quanto eu fiquei feliz, né? A verdade é que nunca exerci a profissão com carteira assinada, ou fiquei pagando de pseudointelectual pra conseguir uma redação onde trabalhar. Fiz meus bicos, mas não me sinto jornalista.
Já escritor eu sou de nascença, se é que isso é possível. Mas qual é a cara de um escritor? Tipo Paulo Coelho, ou tipo Jorge Amado ou Luíz Fernando Veríssimo? Meio heterogêneo né? Mas essa é a única cara que eu queria ter. De escritor. De passar e alguém dizer "nossa, olha lá, tenho certeza que é escritor". Mas hoje todo mundo é um pouco, nem que tenham os caracteres bem limitados, todo mundo filosófa um pouco no twitter ou no facebook.
Aproveitando que também não tenho cara de skatista vou comprar um skate. E isso vou ter de fazer escondido da minha esposa, tipo aparecer com um usado e dizer que é emprestado e nunca mais devolver. Descobri que aos poucos estou me reencontrando. O surf com prancha nova, revistas e bermudas com strech e o cheiro de parafina no quarto estão me devolvendo algo que deixei no passado quando escolhi andar por ruas escuras à pé ou descalço. Por isso acho importante o skate. Ele é parte desse reencontro, assim como meus escritos sem interesse comercial.
O livro japonês ainda não acabou e o personagem está mesmo longe de publicar seu primeiro romance, mas tenho certeza que ele encontrará algo bem mais importante. O livro se chama 1Q84 de Haruki Murakami, excelente, por sinal, só não sei se ele tem cara de escritor.
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