Postagens

Mostrando postagens de julho, 2006

Poema louco do Maluco Beleza.

Imagem
Poema Inédito (sem título)de Raul Seixas, escrito entre 1968 e 1969. Já não importa a falta já não importa a porta já não importa a comporta que segura sua ira o comportamento lamento lento do apartamento morto sem janelas já não importa a horta da hortelã a escada de incêndio do meu peito em chamas já não importa a infância fechada a ferida aberta que nunca cicatriza a brasa acesa do cigarro aceso queimando eternamente a minha carne mas ainda assim... já não importa já não importa a presença a sentença o que me importa é esse não me importar constante a estante o instante o segundo/ o primeiro quero ser o último da sala de jantar o último da fila da repartição o último a morder o pão nosso de cada dia e o primeiro a morder sua bochecha chocha cheia de fumaça verde pálido mas mesmo assim já não interessa a pressa não importa o salário o mendigo morto a baba , afogado no mar de merda já não importa a falta que o travesseiro me faz já não me importa sua cara de bronze seu cu fedorento q

Literatura - Ensaio Sobre a Cegueira / José Saramago

Ensaio Sobre a Cegueira O caos social O livro Premio Nobel de José Saramago, trás à tona uma situação de caos social possível perante a uma total alienação, causada na história, por uma epidemia de cegueira, e a cegueira em questão, não tem razão de existir, chega sem sintomas e em cada um rouba a visão. A deficiência tratada no livro como clinica, também nos remete a um pensamento coletivo equivocado por fatos que estão à nossa frente e não queremos enxergar. Os personagens sem nome, os diálogos sem travessões, uma claridão que incomoda, filtra nossos pensamentos até que a cegueira também nos atinja, o mar de leite aos quais os personagens são submetidos nos faz refletir o quanto somos escravos da imagem, o quanto os outros sentidos juntos podem nos trair por estarmos tão acostumados ao que vemos. No meio desta quase insuportável insuficiência coletiva, um pequeno grupo se beneficia tendo uma mulher que não é afetada pela epidemia, e os conduz através de um caminho infestado de morte

A Burguesia e (é) o crime organizado.

Mais uma vez a cidade de São Paulo fica a mercê dos bandidos que organizados ditam a nova rotina dos paulistanos. O medo que ainda não tinha ido embora, após os últimos ataques desferidos em maio, impera de novo nas pessoas que apenas tentam sobreviver indo e vindo de seu trabalho. Desta vez sem pânico, mas com medo, os moradores da cidade tiveram que se virar para fazer o trajeto diário perante uma situação em que acuados pelo fogo, os motoristas de ônibus tiveram que guardar seus instrumentos de trabalho e impedir que outros fossem aos seus. Enquanto o proletariado sofre, os governantes misturam assuntos eleitoreiros com dinheiro e preocupações partidárias cujo cinismo e ironia causam nojo nos mais atentos. Quem está se preparando para votar fica no meio desse fogo cruzado em duplo sentido. Primeiro nas ruas, refém de um grupo que ganhou notoriedade graças a nós, jornalistas, que enaltecem seus nomes e apelidos credenciando a bandidagem a assaltar apresentando apenas uma carteirinha,

O Homem esgarçado pela natureza.

Sem pensamentos, nem permeio Um caminhar experiente, de pisos pesados De olhos atentos, sedentos por algo a acontecer Um vinco na pele que sequer viu nascer Envolto na bruma matinal, caminha As pombas parecem as mesmas da juventude Parecem mortas de tão vivas Não, elas não merecem seu sorriso A praça cresce a cada ano Numa volta tanto há de ver Uma tragédia, uma alegria, tudo é possível esquecer E as mãos geladas do sereno que tardia, apertam-se Um suspiro rouco pelo tabaco Provoca um sentimento de repulsa ao próprio corpo Corpo cansado, certo do extra que está a viver Um corpo marcado, pelo tempo escoado no infinito tablado Enfim senta e sente Que o dia nasceu diferente, bonito para morrer Será que é hoje? pensa enquanto o bolso massageia A procura pelo cigarro, seu verdadeiro aliado Enquanto pensa pede Só mais um trago, só mais um trago... A noite desce e aquece Mais um dia para sonhar com o último C.C.

Bunda Peito!

Bunda peito peito bunda bunda peito peito bunda. Bunda peito peito bunda? Bunda peito peito peito, peito bunda. Bunda peito peito peito bunda. Peito bunda? Bunda peito!!! Será que tenho um cérebro de macaco? Buceta!!!

Good Bye Alfred?

Esse final de semana cometi uma estupidez daquelas que a gente coloca em dúvida toda humanidade que existe num ser. Um ímpeto homicida, um ataque que somente poderia ser explicado num júri com a alegação de insanidade temporária, ou talvez como uma brincadeira de moleque que acabou em tragédia, e neste ultimo caso, assumindo deliberadamente a culpa pelo assassinato. Eu quase matei o Alfred. Faz mais ou menos um ano que o conheço, e posso confessar que no principio não ligava muito para ele, mas depois de cuidar dele toda semana, alimentá-lo todos os dias, e ficar observando ele nadar tranqüilamente enquanto tomo meu café da manhã, peguei gosto no bicho. Alfred é o meu peixe. Ele é vermelho, tem as nadadeiras bem compridas, que caracterizam um Beta, um peixe bem sossegado. A propósito para quem gosta de sossego, e essa é a palavra, não tem melhor bicho de estimação, afinal ele não late, não mija na poltrona e nem fica soltando pelos pela casa. Nada contra os cachorros que eu gosto basta

Literatura - A Sangue Frio / Truman Capote

A SANGUE FRIO O assassinato da família Clutter. CAPOTE, Truman. A Sangue Frio, 3 ed. Companhia das Letras, 2005, 430 p. A Sangue Frio de Truman Capote retrata o assassinato de quatro membros de uma tradicional família do Kansas, nos Estados Unidos. A vida e trajetória dos assassinos e vitimas descritas quase como um fato jornalístico dão à obra um aspecto menos romancista e mais realista, justificando o motivo torpe do crime com uma incógnita psicose dos criminosos. Capote, que levou seis anos para concluir o livro, viveu intensamente todos os detalhes para descrevê-los, desde o planejamento do assassinato, até o enforcamento dos réus. Os assassinos “Dick e Smith”, se conheceram numa penitenciaria e Dick, ao saber de uma fazenda no estado do Kansas cujo proprietário Sr. Herb Cluter, pagava seus funcionários em dinheiro e que supostamente mantinha uma grande soma num cofre em seu escritório, anotou em sua excelente memória o endereço da fazenda, como um mapa de t

Copa 2006 – O que você disse sobre a seleção brasileira?

Chega a ser engraçada a reação do povo brasileiro perante uma derrota em copa do mundo, eu particularmente nunca tinha reparado nisso, mas observando como um espectador “out” percebi algumas reações que podem ser generalizadas. A primeira e mais evidente é a transformação do mais ativo e fervoroso torcedor canarinho num mero e cético acompanhador de futebol. Antes ele dizia e batia no peito, “Com minha seleção não há quem possa!”, depois da derrota, e ainda por cima para a França, seleção da qual alguns já nos chamam de freguês, muda seu discurso completamente, apontando defeitos pré-existentes no escrete nacional. Dizendo que seria impossível levantar mais uma taça com aquele time. Aquele mesmo que há pouco era invencível. O dia seguinte à queda definitiva da disputa favorece subjetivamente as mulheres. Elas sabiam que aquele time não passava de um conglomerado de pernas bonitas e por isso apenas gritavam histéricas no avanço ou na regressão do selecionado. Os observadores mais críti

Quem estou? onde sou?

Imagem
Vou falar apenas pra eu ouvir, então posso falar de qualquer coisa. Do sexo que não fiz, do desejo incontável, do medo de perder alguém que me olha com carinho, que zela por mim, de um projeto intimo que carrego no peito e tenho vontade de fazer virar história. Nesse permeio de ensaio me perco em idéias insólitas que divulgam o âmago de minha alma. Ser escritor acima de tudo é se expor, é fazer da carreira algo que torna sua vida pública, sem querer. Não tanto pelo fato de estarmos expondo idéias próprias sobre determinado assunto, mas principalmente de colocar em pauta os sonhos que a gente fabrica com o passar dos anos. Minha vida tem sido totalmente contrária ao que um dia eu imaginei, mesmo assim me surpreendo com minha própria felicidade que foi construída baseada no amor. Ontem, quer dizer anos atrás eu possuía a certeza de fazer parte de uma conspiração que tornaria o mundo um lugar maravilhoso pra se viver. Um lugar onde o medo não teria vez, um lugar onde as pessoas saberiam s

O homem nasce, cresce, fica bobo e casa. Como se não bastasse, procria.

O pobre quando nasce é envolto numa redoma de ilusões que o faz pensar até meados de sua vida que é possível alcançar o almejado posto de bem sucedido, no entanto os percalços da vida mostram que nadar contra a forte correnteza o faz ficar sempre no mesmo lugar, os anos passam, a fisionomia muda, as pessoas ao redor mudam, mas a casta é a mesma. Sempre a mesma. Começa na adolescência com o indicio de uma vida realmente promissora. Quando o jovem começa a trabalhar e tudo que aprendeu na escola começa a fazer sentido e lhe render frutos, traz a ilusão de que o poder de adquirir bens materiais depende somente dele, e transforma a mente humana de tal maneira não é possível ver no futuro que o aguarda a realidade de sua posição social. Não é possível separar o joio do trigo, ou seja, não fica claro para ele a qual sociedade pertence. Nesse momento, planos incrivelmente palpáveis transformam o ego da pessoa pendendo sempre para aquilo que é vendido em todos os tipos de mídia possíveis e ima