Poema louco do Maluco Beleza.
Poema Inédito (sem título)de Raul Seixas, escrito entre 1968 e 1969. Já não importa a falta já não importa a porta já não importa a comporta que segura sua ira o comportamento lamento lento do apartamento morto sem janelas já não importa a horta da hortelã a escada de incêndio do meu peito em chamas já não importa a infância fechada a ferida aberta que nunca cicatriza a brasa acesa do cigarro aceso queimando eternamente a minha carne mas ainda assim... já não importa já não importa a presença a sentença o que me importa é esse não me importar constante a estante o instante o segundo/ o primeiro quero ser o último da sala de jantar o último da fila da repartição o último a morder o pão nosso de cada dia e o primeiro a morder sua bochecha chocha cheia de fumaça verde pálido mas mesmo assim já não interessa a pressa não importa o salário o mendigo morto a baba , afogado no mar de merda já não importa a falta que o travesseiro me faz já não me importa sua cara de bronze seu cu fedorento q