O fino da fumaça.
Após doze anos de fumaça tenho a impressão de que ela me incomoda, e não apenas com os conhecidos motivos como cansaço, mau cheiro, tosse intermitente e outros malefícios do fumo. Atentando para isso me perguntei pela quitrocentalhésima vez: Porque fumo?
Antes de responder essa pergunta é preciso observar que não existe nenhum motivo originalmente plausível para o tabagismo, a não ser o vício, a dependência química infligida pela nicotina. Mas depois de tanto matutar percebi que existia um prazer quase invisível, algo tão singelo e talvez até subjetivo que nem se ouve falar. Todo mundo vê, mas ninguém se liga que o cigarro mexe não só com físico ou psíquico da pessoa de forma tradicional, mas também com seu senso de estética e de belo. Inventei que o verdadeiro prazer de fumar está em ver a fumaça sair pela boca.
Comecei perceber quando ia fumar na lavanderia à noite e parava de fumar com o cigarro pela metade, pois não estava legal, não dava “barato”. Ao beber também ficamos inventando um monte de brincadeiras com a fumaça e realmente é divertido vê-la sair voando contornando silhuetas e fazendo aquele zigue-zague na luz. Chama atenção a infundada capacidade que o homem adquire através do vício de produzir uma fumaça branca e espessa como uma nuvem de óleo. Algo que atravessa o horizonte do olhar traçando uma nuvem branca, algodoada e mal cheirosa.
Hoje existem cigarros de todos os sabores, como o tradicional mentolado, o conhecido cravo e o inovador sabor creme. Imaginem se existissem cigarros que produzissem ao invés de sabores, cores. Dar um trago amarelo e jogar a fumaça no azul do céu, um trago vermelho encostado no balcão da balada, onde do outro lado o garçom prepara um Campari pra combinar, um trago verde no cigarro artesanalmente confeccionado e misturado com uma erva conhecida, um trago rosa de uma perua metida que usa óculos escuros que lhe escondem todo o rosto.
Seria uma revolução total no comércio de cigarros e as pessoas morreriam muito mais de câncer. Foi pensando nisso que ao imaginar essa loucura (nada impossível para a tecnologia atual) decidi que esses cigarrinhos especiais teriam uma novidade: sabor pasta de dente e toxinas próximas do zero. Para compensar o utópico desejo de ver um negócio desses realmente existindo sem fazer um estrago na saúde, ele também não traria a conhecida sensação que os cigarros comuns trazem, aquele gosto de peso no peito, aquele alívio total, nada disso. O cigarro em si seria como fumar o mais fracos de todos os fumos em que um fumante ativo nem sente.
Enquanto o dono da Souza Cruz não ler meu blog, vou acedendo as luzes dos fumódromos por onde passo, e penso também em para de fumar antes que se (re)invente os cigarrinhos coloridos. Viagens à parte essa invenção poderia estar num livro de ficção, ou em uma história em quadrinhos, quem sabe até, considerando o sabor de pasta de dente e toxinas reduzidas, ser uma solução para o fim desse mal.
Antes de responder essa pergunta é preciso observar que não existe nenhum motivo originalmente plausível para o tabagismo, a não ser o vício, a dependência química infligida pela nicotina. Mas depois de tanto matutar percebi que existia um prazer quase invisível, algo tão singelo e talvez até subjetivo que nem se ouve falar. Todo mundo vê, mas ninguém se liga que o cigarro mexe não só com físico ou psíquico da pessoa de forma tradicional, mas também com seu senso de estética e de belo. Inventei que o verdadeiro prazer de fumar está em ver a fumaça sair pela boca.
Comecei perceber quando ia fumar na lavanderia à noite e parava de fumar com o cigarro pela metade, pois não estava legal, não dava “barato”. Ao beber também ficamos inventando um monte de brincadeiras com a fumaça e realmente é divertido vê-la sair voando contornando silhuetas e fazendo aquele zigue-zague na luz. Chama atenção a infundada capacidade que o homem adquire através do vício de produzir uma fumaça branca e espessa como uma nuvem de óleo. Algo que atravessa o horizonte do olhar traçando uma nuvem branca, algodoada e mal cheirosa.
Hoje existem cigarros de todos os sabores, como o tradicional mentolado, o conhecido cravo e o inovador sabor creme. Imaginem se existissem cigarros que produzissem ao invés de sabores, cores. Dar um trago amarelo e jogar a fumaça no azul do céu, um trago vermelho encostado no balcão da balada, onde do outro lado o garçom prepara um Campari pra combinar, um trago verde no cigarro artesanalmente confeccionado e misturado com uma erva conhecida, um trago rosa de uma perua metida que usa óculos escuros que lhe escondem todo o rosto.
Seria uma revolução total no comércio de cigarros e as pessoas morreriam muito mais de câncer. Foi pensando nisso que ao imaginar essa loucura (nada impossível para a tecnologia atual) decidi que esses cigarrinhos especiais teriam uma novidade: sabor pasta de dente e toxinas próximas do zero. Para compensar o utópico desejo de ver um negócio desses realmente existindo sem fazer um estrago na saúde, ele também não traria a conhecida sensação que os cigarros comuns trazem, aquele gosto de peso no peito, aquele alívio total, nada disso. O cigarro em si seria como fumar o mais fracos de todos os fumos em que um fumante ativo nem sente.
Enquanto o dono da Souza Cruz não ler meu blog, vou acedendo as luzes dos fumódromos por onde passo, e penso também em para de fumar antes que se (re)invente os cigarrinhos coloridos. Viagens à parte essa invenção poderia estar num livro de ficção, ou em uma história em quadrinhos, quem sabe até, considerando o sabor de pasta de dente e toxinas reduzidas, ser uma solução para o fim desse mal.
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