Revolução das Marias

Apesar do blog ser pessoal, decidi publicar essa poesia / protesto de uma amiga porque entendi que não se trata apenas de um escrito, mas sim de uma ideologia rica em sociologia e cheia de inspiração.

Hoje eu choro!
Eu choro por quê?
Choro porque minhas crianças se prostituem
Choro porque meu presidente sorri e diz que está tudo bem
E meu povo alienado continua dizendo amém.
Choro por minhas feridas da ditadura que sangram sem que ninguém as veja.
Choro porque falta comida na lona da Maria porque seus filhos bebem água suja da bacia.

Ora! Mas que sorte a da Maria! Na sua casa só não tem água e o pão
Pois pra mim ó coitadinha falta até um pedaço de chão.
Choro porque a escola que um dia me fez
Hoje ensina a adorar burguês.
Choro por Stuart o americano que mais que muitos brasileiros já fez.
Choro por minha cultura que foi deflorada pela americana encantada.
Choro pela alegria do dono do poder mundial
Enquanto minha gente agoniza na fila de um hospital.

Choro porque o mundo não pára pra que eu possa descer,
E já que ninguém sente essa dor a esse mundo não quero pertencer.

Viva o capitalismo!
Que faz o homem matar
Sem ao menos se questionar
A quem acabou de agradar.
Hoje eu choro!
Choro porque o poeta é um fingidor
Que também finge sentir essa dor.
Choro porque nesse momento o meu eu pode estar morrendo
E dentro de mim um discípulo do Bush deve estar nascendo

Hoje eu choro! Porque acho que morri
Ou sei lá quem sabe renasci.

Choro pela Maria
Que acabou de perder sua guria
Bem! Como foi ninguém sabe não
Dizem que foi o coração, que tinha tal socialismo
Mas era pequeno demais
Pra vencer a cabeça e o corpo, influenciado por um outro tal de capitalismo
Sabe por que eu choro?
Choro porque descobri que
Eu sou a Maria.

Por Irene Alves

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