A sombra da eternidade

Eu tive um sonho, e como muitas vezes acontece, foi uma revelação. Eu quero ser cineasta. Mas precisaria inventar um tipo de chip que filmasse um desses sonhos que me perturbam. Neles eu corro pelado sem ser notado, voo sem capa, sou baleado e não morro. Atiro e mato. Um super-herói de mim mesmo.

Um vulto psicótico que abala as estruturas de uma noite tranqüila
Fico escondido nos filmes e músicas que escuto e vejo sem pensar.
Na verdade eu penso muito. Penso tanto que meu cérebro tende a enlouquecer. Fico imaginando coisas que posso fazer e outras que não quero e descubro que são as mesmas.

Tenho relações sexuais com musas que se beijam depois de vinhos caros em lugares europeus. Lugares europeus ficam na Europa, apesar da obviedade, às vezes invento um subúrbio parisiense na periferia paulistana. Um lugar glamouroso cheio de luzes que pipocam a embriagues.

As traições, o sofrimento e a desilusão, quase sempre sem final feliz, perturbam mais, embora deixem sempre a sensação que o final foi mal escolhido. Penso numa cena ápice e me vejo num diálogo quase sem palavras; têm olhares intensos, olhos úmidos, bocas vermelhas tremeluzentes.

Perdi o roteiro com o amanhecer. Sumiram os diálogos, as tomadas, as sequências sem lógica e principalmente as atrizes gostosas. Juntei o diretor, o ator principal e toda a produção e mandei embora. Um cineasta de scripts improváveis em locações baratas e desconhecidas. Não filmo minha própria morte. Algodão no meu nariz, um trash que recusei.

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