Tarde Cheirosa

Um dia de tarde sem nada pra fazer. Ali apenas o amor existe entre vidas tão iguais e tão opostas. Somos essa tarde cheirosa, chia de preguiça, cheia de sorrisos perdidos no ar sem motivo pra dar.
Ela caminha sensual, mesmo sem ter um corpo escultural. Ela sorri com a mesma sensualidade, convidando, instigando um corpo que responde ao chamado.
Me vejo calado quando nos olhamos, mas sinto que digo com os olhos o que a boca ocultou. A tarde avança, mas ainda é clara e aproveitamos o sol do fim de tarde para nos deitarmos, entregues ao desejo. Um beijo.
De repente o sorriso se transforma em gargalhadas, fazemos cócegas sem querer, brincamos de criança fazendo coisas de adultos, somos inocentes perigosos, somos calma e euforia, somos delito e paixão.
Mais tarde, quando a noite invade e traz a escuridão, esfria a casa e o coração. Nada mais é preguiça, tudo se torna obrigação. A rotina é cruel, o olhar se torna o fel que outrora estava escondido.
Ao lado dela me sinto sozinho. Milhares de coisas que são minhas e com ela não posso partilhar, simplesmente por achar que ela não compreenderá.
Tento imóvel relaxar, o corpo duro não quer se virar. Mato o grito que tento sufocar. A agonia de estar vivo em algum lugar que não ali me leva de novo a refletir, onde foi que deixamos o erro de um casamento penetrar.
Amanhã podia logo chegar. Mais uma tarde cheirosa podemos inventar e termos a certeza de que tudo passará. Um rico relacionamento sem sofrimento nunca será. Adormeço pensativo e quase esboço um sorriso nesta montanha russa louca que decidi me engajar. Amanhã vou levantar, dar-lhe um beijo no rosto, olhar no seu olho e dizer-te amar.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

My Name is not João!

Sampa crua

Realidade Freudiana - Tô aqui.