Good Bye Alfred?
Esse final de semana cometi uma estupidez daquelas que a gente coloca em dúvida toda humanidade que existe num ser. Um ímpeto homicida, um ataque que somente poderia ser explicado num júri com a alegação de insanidade temporária, ou talvez como uma brincadeira de moleque que acabou em tragédia, e neste ultimo caso, assumindo deliberadamente a culpa pelo assassinato. Eu quase matei o Alfred.
Faz mais ou menos um ano que o conheço, e posso confessar que no principio não ligava muito para ele, mas depois de cuidar dele toda semana, alimentá-lo todos os dias, e ficar observando ele nadar tranqüilamente enquanto tomo meu café da manhã, peguei gosto no bicho. Alfred é o meu peixe.
Ele é vermelho, tem as nadadeiras bem compridas, que caracterizam um Beta, um peixe bem sossegado. A propósito para quem gosta de sossego, e essa é a palavra, não tem melhor bicho de estimação, afinal ele não late, não mija na poltrona e nem fica soltando pelos pela casa. Nada contra os cachorros que eu gosto bastante também, e que, aliás, aprende dezenas de coisas interessantes na convivência com o ser humano, coisa que um peixe não faz, mas quando estamos falando de um apartamento para ser seu ambiente, definitivamente não é o melhor indicado. E eu quase acabei com a vida do Alfred, e se tivesse acontecido esse texto viraria um funeral.
Aconteceu da seguinte maneira: quando eu lavo o aquário o coloco numa tigela de plástico. Com água corrente lavo e esfrego as paredes de vidro com as mãos. Faço a mesma coisa com as pedrinhas num copo separado, depois de coloca-las de volta encho o pequeno pentágono com água filtrada, depois disso pego uma peneira para fazer o transporte, mas desta vez não peguei. Quando parei na frente da tigela onde o Alfred estava fiquei olhando para ele com o aquário ao lado, percebi minha sobrancelha arquear, meus olhos saltarem e um sorriso sarcástico e infantil aparecer na minha feição de assassino. Dei uma risadinha. Num bote enfiei a mão na tigela segurei-o sem muita força para não esmagá-lo (afinal não era essa a intenção) e puxei. Quando estava quase chegando no aquário, tal como uma perereca, ele pulou da minha mão e foi direto ao chão, se estatelando como um bife inanimado.
Nesses preciosos segundos eu tomei um choque como se estivesse acordando de um devaneio. Abaixei e peguei o lânguido animalzinho, agora com um medo arrasador de matá-lo, devolvi à sua casa e o vi descer direto ao fundo. Sem forças, sem nenhum movimento para mudar de curso, morto pensei.
Sentindo já o amargo sabor que um criminoso iniciante sente ao cometer seu primeiro delito, fui até o aquário tentar “conversar”, mas ele não me “ouvia”. Levei ele para seu lugar de sempre, e acho que essa foi sua sorte, o aquário fica ao lado de nada mais, nada menos que São Judas Tadeu. Eta Santo bom! Não resisti e confesso, fiz uma prece, afinal se o Alfred não voltasse a nadar, minha culpa estaria sendo aliviada.
Mais tarde a grata surpresa. Alfred respondeu a umas batidinhas que dei no vidro, saiu na-dando e eu pulando. Ahahah! Uma felicidade tosca pode parecer, mas com um alívio de um peso, que por mais insignificante que aparente ser, é real e duradouro. Nessas alturas minha mulher já pensava aonde íamos jogá-lo, olha que absurdo, nem falou tipo assim, “enterrá-lo”, destratou o sobrevivente só porque sou eu que cuido.
É, dessa eu escapei, e principalmente o Alfred. Como presente no dia seguinte, coloquei ele sobre a mesa do café para que pudesse participar de mais perto, e quem sabe me desculpar, e apesar de não jogar nem uma migalhinha para ele, deixei que minhas pequenas o fizessem feliz, conversando com o próprio assunto.
Faz mais ou menos um ano que o conheço, e posso confessar que no principio não ligava muito para ele, mas depois de cuidar dele toda semana, alimentá-lo todos os dias, e ficar observando ele nadar tranqüilamente enquanto tomo meu café da manhã, peguei gosto no bicho. Alfred é o meu peixe.
Ele é vermelho, tem as nadadeiras bem compridas, que caracterizam um Beta, um peixe bem sossegado. A propósito para quem gosta de sossego, e essa é a palavra, não tem melhor bicho de estimação, afinal ele não late, não mija na poltrona e nem fica soltando pelos pela casa. Nada contra os cachorros que eu gosto bastante também, e que, aliás, aprende dezenas de coisas interessantes na convivência com o ser humano, coisa que um peixe não faz, mas quando estamos falando de um apartamento para ser seu ambiente, definitivamente não é o melhor indicado. E eu quase acabei com a vida do Alfred, e se tivesse acontecido esse texto viraria um funeral.
Aconteceu da seguinte maneira: quando eu lavo o aquário o coloco numa tigela de plástico. Com água corrente lavo e esfrego as paredes de vidro com as mãos. Faço a mesma coisa com as pedrinhas num copo separado, depois de coloca-las de volta encho o pequeno pentágono com água filtrada, depois disso pego uma peneira para fazer o transporte, mas desta vez não peguei. Quando parei na frente da tigela onde o Alfred estava fiquei olhando para ele com o aquário ao lado, percebi minha sobrancelha arquear, meus olhos saltarem e um sorriso sarcástico e infantil aparecer na minha feição de assassino. Dei uma risadinha. Num bote enfiei a mão na tigela segurei-o sem muita força para não esmagá-lo (afinal não era essa a intenção) e puxei. Quando estava quase chegando no aquário, tal como uma perereca, ele pulou da minha mão e foi direto ao chão, se estatelando como um bife inanimado.
Nesses preciosos segundos eu tomei um choque como se estivesse acordando de um devaneio. Abaixei e peguei o lânguido animalzinho, agora com um medo arrasador de matá-lo, devolvi à sua casa e o vi descer direto ao fundo. Sem forças, sem nenhum movimento para mudar de curso, morto pensei.
Sentindo já o amargo sabor que um criminoso iniciante sente ao cometer seu primeiro delito, fui até o aquário tentar “conversar”, mas ele não me “ouvia”. Levei ele para seu lugar de sempre, e acho que essa foi sua sorte, o aquário fica ao lado de nada mais, nada menos que São Judas Tadeu. Eta Santo bom! Não resisti e confesso, fiz uma prece, afinal se o Alfred não voltasse a nadar, minha culpa estaria sendo aliviada.
Mais tarde a grata surpresa. Alfred respondeu a umas batidinhas que dei no vidro, saiu na-dando e eu pulando. Ahahah! Uma felicidade tosca pode parecer, mas com um alívio de um peso, que por mais insignificante que aparente ser, é real e duradouro. Nessas alturas minha mulher já pensava aonde íamos jogá-lo, olha que absurdo, nem falou tipo assim, “enterrá-lo”, destratou o sobrevivente só porque sou eu que cuido.
É, dessa eu escapei, e principalmente o Alfred. Como presente no dia seguinte, coloquei ele sobre a mesa do café para que pudesse participar de mais perto, e quem sabe me desculpar, e apesar de não jogar nem uma migalhinha para ele, deixei que minhas pequenas o fizessem feliz, conversando com o próprio assunto.
Comentários
Esse, para mim, foi seu melhor texto. Conseguiu animar um fato,corriqueiro até, para o estrelato de um crônica
Parabéns!
ps: é BY ou BYE?